Nota: 3,0
(Nota de 0 a 5)
Quando sentei na poltrona do cinema para assistir Assassin’s Creed, como amante de jogos e games, eu queria apenas não me decepcionar novamente, uma vez que o retrospecto de outros jogos levados para as telonas é na sua maioria das vezes sofrível.
Inspirado no popular jogo de vídeo game sobre um assassino que viaja no tempo, os diretores Kurzel e Lesslie (MacBeth) são bastante centrados e sem grandes pretensões – auxiliado pelos co-roteiristas Adam Cooper e Bill Collage (de Exodus: Deuses e Reis) apresentam um roteiro que dá conta da história básica que os gamers estão acostumados, sem confundir os que estão sendo inseridos agora na franquia. Um bom feijão com arroz já é melhor que muito o quê já antecedeu. Na base de tudo está o ancestral conflito entre a heroica Irmandade dos Assassinos e os “malvados” Cavaleiros Templários na luta pela posse e uso de uma relíquia religiosa, “a Maçã do Éden”, que pode controlar a vontade e o livre arbítrio humano.
Embora o filme, como os jogos, é claramente pouco mais do que lutar, correr, saltar, socar e escalar paredes – tudo o que parkour oferece a seus apreciadores – o herói do filme, Cal (Michael Fassbender), um assassino condenado a morte, é o último descendente na linhagem do credo de assassinos do século XV, que juraram proteger a “Maçã do Éden”. Um dia depois de ser executado numa prisão no Texas, Cal acorda para se encontrar em uma misteriosa instalação em Madri, onde os cientistas estão prestes a conectá-lo a algo chamado Animus, transportando-o – ou melhor, sua consciência – de volta à Inquisição Espanhola – no corpo de seu antepassado, Aguilar.
Partindo de uma premissa pronta para o sucesso, a direção é muito feliz em não supervalorizar a trama e em conseguir fazer as conexões entre o passado e o presente de maneira simples sem que nos percamos nas constantes viagens. O roteiro circular peca por ser repetitivo, mas não compromete a obra como um todo. Michael Fassbender consegue dar as intensidades necessárias em seus dois personagens (Cal/Aguilar), mas é pouco ajudado pela interpretação de Marion Cotillard (Sofia Rikkin) que sem profundidade e extremamente uniforme, acaba por nos oferecer um personagem que se confunde em sua verdadeira intensão. Neste quesito, entretanto, o lamento fica para o desperdício de Jeremy Irons, que apesar de criar um vilão elegante, se mostra descartável dentro da trama. O grande “calcanhar de Aquiles” são as cenas de ação, uma vez que o diretor Kurzel opta uma câmera nervosa com o uso do obturador baixo o que dificulta a compreensão da ação e torna os efeitos de luta repetitivos e cansativos, causando em alguns momentos estranheza. Neste aspecto o 3D nada acrescenta.
“Assassin’s Creed” é bom, o que para uma franquia de games no cinema já é bom. Kurzel e a Ubisoft – produtora do game e do filme – certamente conhecem o seu caminho em torno do sucesso. Ao final temos um entretenimento coerente o suficiente para valer o valor do ingresso pago.