Dr. Estranho é uma imagem afiada e filosofia pipoca

Se tivesse que definir Dr. Estranho, o novo filme da Marvel, com uma palavra eu escolheria: ESTRANHO.
Dr. Estranho

NOTA: 4,5

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Por Jeferson Miranda

(Nota de 0-5)

Se tivesse que definir Dr. Estranho, o novo filme da Marvel, com uma palavra eu escolheria: ESTRANHO. O grande mérito de Benedict Cumberbatch (Dr. Estranho) é conseguir extrair de sua interpretação o imprevisível e o intrigante, características que são tão comuns ao personagem nos quadrinhos. O filme tem o mérito de revigorar o MCU incluído novas perspectivas e nova dimensão ao gênero nas telonas.

É o roteiro mais denso e adulto de todos os filmes da “Casa das Ideias” e procura discutir, ainda que superficialmente, questões existenciais como morte, finitude e tempo. É uma história de origem superior as demais já realizadas, em alguns momentos flerta com a Origem de Christopher Nolan em outros se entrega ao encantamento da série Harry Potter. É também, em alguns momentos, cerebral e se aproxima eficazmente de cinema psicodélico. Se não fosse a insistência em inserir piadas em momentos desnecessários e o excesso de explicações sobre certos conceitos, Dr. Estranho seria o primeiro filme Marvel que se aproximaria da estética tão bem construída pelos seus seriados na TV.

O diretor Scott Derrickson (O Exorcismo de Emily Rose), que também co-escreveu o filme, sem esforço consegue com sua experiencia manipular certos elementos do genero terror a favor da construção de um filme que apesar das cenas com sangue e das imagens chocantes não faz você parar de comer pipoca enquanto assiste. Mas a maior conquista do Derrickson é o disparate cósmico que ele consegue criar ao contar a história – planos astrais, terceiros olhos e mandalas abundam – sem nunca fazer o expectador deixar de compreender a história.  Grande parte do sucesso do filme está em seu elenco. Como o Dr. Stephen Estranho, o neurocirurgião brilhante cuja carreira é arruinada por um acidente de carro devastador, Benedict Cumberbatch é tão inflexível e afiado como os instrumentos cirúrgicos que ele usa para sondar os cérebros danificados de seus pacientes. Com uma arrogância privilegiada, comparável somente a de Tony Stark (Homem de Ferro), mas sem nenhum calor, Cumberbatch consegue criar um Dr. Estranho antipatico, em alguns momentos, destetável, mas com seu talento, já desmonstrado na série Sherlock Holmes, aos poucos vai desconstruindo o personagem inicial para um novo, mais atraente, imprevisível e intrigante. O desespero de Estranho com suas mãos arruinadas leva-o ao Nepal e ao enclave secreto dirigido por um guru conhecido apenas como o Ancião (Tilda Swinton). Swinton é competente em criar uma mentora nas artes da magia que consegue ser zen não mundana, mas com um toque de crueldade muito terrena. Sua interpretação é escada para a jornada espiritual de Estranho que conta com o apoio de Chiwetel Ejiofor como Mordo e Benedict Wong como Wong. A crítica fica para o roteiro e a direção sobre o ator dinamarquês Mads Mikkelsen que é subutilizado como Kaecilius, um ex-discípulo renegado. Com sua sombra roxa e sua equipe de fanáticos (meio Clã do Pé), ele está mais para lider de banda heavy metal do que para ameaça real, o que deveria ser o mote de um bom vilão. Exemplo disso é que ele é derrotado por uma peça de roupa, a capa vermelha, com vontade própria, marca registrada do Doutor Estranho.

Com interpretações bem solidas e fluidez nas montagens, o filme se torna leve e de fácil compreensão o que valoriza a beleza plástica das imagens que usam e abusam do CGI. O resultado é talvez o mais belo trabalho de construção gráfica já exibido no cinema. Neste caso o 3D é fundamental, filme feito para ser visto na telona. Visualmente distinto dos demais filmes produzidos pela Marvel anteriormente, é um filme de quadrinhos que justifica plenamente a sua dependência de efeitos especiais.

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