(Celina Sanzovo – Jauclick.com)
Em conversas sobre o lançamento do Pokémon Go, estava eu ali refletindo que terão mortes relacionadas ao jogo (como já tem) e como seria a conversa dos conhecidos, também para outras “causas de morte” tecnológicas.
– Você soube que Fulano morreu?
– Aé? De quê?
– Morreu de Pokémon Go.
– Semana passada o ciclano morreu de Selfie
…
Coisa louca essas novas causas de morte. Meu marido mesmo me pediu: se caso eu morrer de alguma causa esdrúxula como essas, você, como minha esposa, por favor, invente qualquer outro motivo e não deixe que ninguém saiba da verdade. Assim você honrará seu marido e o poupará da última vergonha da vida.
Deixando de lado esse papo fúnebre, esquecendo o risco desse novo app/jogo, a Febre mundial do Pokémon Go é um acerto incrível da Nintendo.
Eu tenho em casa um membro da família pokemaníaco e, assim que começou os burburinhos sobre o jogo já me veio a imagem do meu irmão vestido de Ash, com meias altas, boné próprio e mochila, carregando suas Pokebolas pra todo lado e, de repente, atirando uma em mim gritando coisas intraduzíveis:
– Capturei um Bubassauro!! Ataque de pó do sono em você!
Hahahah. Meu irmão caçula era (é ainda) tão pirado nesse negócio de Pokémon, que até nossa tartaruga (Jaboti, no caso) ganhou o nome de Squirtle, em homenagem a um pokemon. Na verdade nem o cachorro escapou e foi nomeado de Gold, por causa do Pokémon Gold (não me pergunte o que é isso), detalhe que a raça era labrador, e quando eu falava Gold todo mundo achava que era um Golden Retriever.
Enfim, volto pro acerto da Nintendo. Meu irmão tem hoje seus 26 anos e, mesmo antes do Pokémon Go, ele não tinha superado o vício pokemolístico. Esse jogo veio pra PUM, capturar ele de uma vez e junto com ele toda uma geração, que hoje está com seus 20 e poucos anos. Ou seja, os mais novos membros da PEA (População Economicamente Ativa), fresquinhos e ávidos por novidades e consumo. Novos no mercado de trabalho, novos no mercado de consumo. E uma geração que ainda estará ganhando e gastando por anos a fio. Soma-se a isso a infinidade de possibilidades que o app tem de interagir com marcas, lojas, cidades, etc etc.
Meus parabéns a Nintendo! Pois essa é umas daquelas coisas que alguma empresa lança e que você pensa: Caraca! Queria eu ter criado isso. Genial.
Vou fechar minha ideia aqui com um pensamento super otimista da coisa ainda.
Assim como pude relatar eventos engraçados da infância e pré-adolescência do meu irmão mais novo, também já refleti como sobre a minha geração foi a “raspa do tacho” das crianças que brincavam na rua, que jogaram muita lesca (bets/taco), brincaram de elástico, carambola, passa-anel, salada mista, entre outras tantas brincadeiras. E tudo isso ainda muito livre, na rua até altas da noite (22h, rs).
Tínhamos uma vida social ativa, conhecíamos todos vizinhos, e éramos muito felizes, e como. Voltando ao meu irmão, que com apenas 4 anos e meio de diferença, já vi uma infância completamente diferente: muito videogame, muito desenho animado (inclusive o Pokémon), nada de correr na rua, pregar peças nos vizinhos, se estropiar no asfalto.
Então, acho que o Pokémon Go veio, de certa forma, pra “salvar” essa geração da infância de isolamento, uma vez que os jogadores estão na rua caçando os pokémons. Uma vez que as batalhas são presenciais, e tem feito o pessoal conhecer novos lugares, monumentos e pessoas de sua própria cidade, além de gerar uma interação que os videogames dos anos 90 não geravam, sem contar que elimina o sedentarismo dos gamers.
Pronto é isso, achei o máximo e eu mesma já capturei um Bubbasaur!!