E em dezembro chegou ao fim mais uma temporada do futebol brasileiro, tivemos um ano agitado que terminou de forma trágica com acidente da Chapecoense, mas em campo tivemos o Inter provando que NÃO EXISTE essa coisa de “time grande não cai”, vivemos um pouco dos “anos 90” com o Palmeiras campeão brasileiro, Grêmio campeão da Copa Do Brasil e Seleção Brasileira voltando a encantar o torcedor, enfim, podemos notar que tivemos quebras de tabus com o Grêmio campeão de um torneio nacional após 15 anos, e o Palmeiras campeão brasileiro após 22 anos e é sobre meu Palmeiras que quero escrever esse texto, especialmente de Cuca, um grande personagem da conquista. Então bora para a crônica, que foi escrita sem clubismo ou fanatismos excessivos, mas com uma dose de romantismo já que fiz algumas crônicas de futebol no ano passado e não queria deixa passar em branco um título do meu time né.
O dia era 27 de novembro, o domingo mais esperado para os palmeirenses havia chegado, a semana durou cerca de 22 anos, para alguns foi mais demorada do que os passos de Fernando Prass na cobrança do pênalti que deu o título da Copa do Brasil em 2015, mais do que os passos de Marcos Assunção na bola que daria o título da Copa do Brasil 2012 após o desvio de Betinho. A semana foi mais demorada do que as partidas das duas passagens pela Série B e da reta final do Brasileirão de 2009, esse 2009 que demorou anos pra sair da mente do palmeirense, e só seria esquecido no apito final do jogo contra a Chapecoense, que infelizmente também se tornou histórico para o adversário devido a tragédia que aconteceu com a equipe dois dias após a partida contra o Palmeiras.
Como havia dito, 2009 tava tão longe de acabar que boa parte da torcida curtia a liderança com uma certa insegurança, acho que às vezes foi criado um sofrimento que tornou um campeonato fácil sofrido, pelo medo das decepções históricas se repetirem como na década de 2000 ou anos 80, ao mesmo tempo que o time seguia forte na liderança sempre havia um jogo ou outro onde o palmeirense ficava com aquela sensação de que todo trabalho poderia dar errado outra vez, talvez torcedores rivais já se conformavam com o título do Palmeiras, mas quem é palmeirense sabe o que é esse negócio de ir do céu ao inferno e do pessimismo ao otimismo total em questão de segundos e de conviver com derrotas inexplicáveis ou vitórias que aconteceram sabe-se lá como.
Houve várias partidas que mostrariam que o Palestra seria o campeão, mas foi a partir dos minutos finais contra a Chapecoense que o grito de campeão brasileiro pôde sair da garganta de forma mais segura (confesso que não senti a mesma emoção da Copa do Brasil), dessa vez não haveria nenhuma derrota ou gol ridículo para tirar a glória do time ou para as câmeras mostrarem as lágrimas de um pequeno torcedor, o choro e os gritos dessa vez eram de alegria, de alívio, de poder mandar embora pelos olhos ou pela garganta o peso de 22 anos, muita coisa mudou no mundo e no Brasil entre 1994 até 2016, menos o sentimento e a característica do palmeirense de viver os dramas e as glórias da forma mais intensa e bipolar possível. Na campanha do título vale destacar um personagem: Cuca, nada representou tão bem o palmeirense quanto ele.
Pode por a faixa Cuca !
O treinador Cuca faria uma promessa que logo se tornaria uma profecia, prometeu o título brasileiro e cumpriu. Não tenho uma super explicação teórica sobre técnicas e táticas que fizeram o Cuca dar certo. Só sei que Cuca representou o estilo do torcedor palmeirense como nenhum treinador tinha feito nos últimos anos, talvez apenas Felipão. Cuca é supersticioso como é boa parte da torcida palmeirense. É vibrante e explosivo nas comemorações como é a torcida do Palmeiras. Ele às vezes erra em colocar a emoção acima da razão, assim como muitos torcedores do Palmeiras fazem, já fizeram e continuarão fazendo. Ele encarou pessoas da imprensa, assim como o palmeirense odeia muitos da mídia, e às vezes com razão. Cuca já foi do céu ao inferno e do inferno ao céu, assim como é a vida futebolística de quem opta torcer pelo Palmeiras. Cuca já participou de derrotas doloridas ou de vitórias milagrosas, assim como a história do Palmeiras. Cuca é sangue quente e maluco como é a torcida do Palmeiras.
Essas características fazem o treinador ter aquele sangue palestrino com as bipolaridades e emoções afloradas de uma forma intensa e que pode ultrapassar o limite da razão e da emoção, assim é Cuca e assim é o Palmeiras, para ambos é quase impossível a tranquilidade durar por muito tempo, sempre haverá algo para cornetar ou quem sabe elogiar de um forma intensa e vibrante. Sempre o palmeirense vai xingar o pior jogador do time, mas pode ter certeza que em partidas importantes vai apoiá-lo. Sempre o melhor jogador da equipe vai sofrer com o excesso de exigência da torcida, mas se ele honrar a camisa será abraçado a ponto de se apaixonar pelo time. É a loucura que quem é palmeirense sabe como é. Uma torcida em que o excesso de emoção faz muitos discutirem entre si mesmos, mas se unem quando a discussão é pelo time.
Toda vez que via Cuca rezando, extravasando na comemoração ou nervoso com algo eu me lembrava daqueles “parmeirenses sangue quente” assistindo algum jogo. Nada seria diferente para Cuca, ele é um dos que tem o espírito de porco, sabe como é vestir e torcer por essa camisa, realizou o sonho que muitos torcedores tem que é o de ser campeão pelo seu time de coração. Obrigado Cuca! Seja feliz!
Pra viver no Palmeiras tem que ter sangue quente ou ser explosivo e vibrante como Cuca, quem torce pra esse time entende como ninguém o barril de pólvora que é o Palmeiras e o palmeirense.
O treinador também provou que treinadores não precisam viver apenas de teorias e deixar o lado emocional de lado ou serem super “intelectuais”, em meio a uma imprensa que prega um futebol e treinadores frios que apresentam teorias tratando o futebol como se fosse uma ciência exata, Cuca provou que é possível um bom treinador ter o lado humano e emotivo.
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Deixo aqui os links de um vídeo feito pela Espn Brasil que achei sensacional.