Pesquisa com tomateiro busca solução para tolerância ao déficit hídrico, salinidade e elevadas temperaturas do ar. Componentes de estresse abiótico, como são chamadas estas e outras influências do ecossistema, que geram problemas na rentabilidade da cultura, por causar danos que implicam em menor produção. Diante disso, estudos feitos na Unoeste, pouco realizados em termos de Brasil, buscam desenvolver cultivares tolerantes às tais adversidades mediante cruzamento do tomateiro Solanum lycopersicum com espécies silvestres que são mais resistentes. Cultivares que poderão contribuir para que a cultura do tomate seja cada vez mais sustentável e competitiva, tanto em relação ao consumo in natura quanto ao processamento industrial.
Apoio à qualidade
A importância de estudos conduzidos pelo pesquisador Dr. André Ricardo Zeist, vinculado à graduação e pós-graduação em Agronomia (mestrado e doutorado) da universidade, é ratificada com as concessões de bolsas de fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), sendo oito de iniciação científica nos últimos dois anos para melhoramento genético em hortaliças, incluindo o tomate; e agora novo auxílio com aporte de R$ 140 mil especificamente para desenvolvimento e seleção de genótipos de tomateiro tolerante a estresses abióticos. Além do que existem outros apoios, como são os de bolsas de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Nessa área de melhoramento de hortaliças, que inclui batata-doce, physalis e morangueiro, também participam as pesquisadoras doutoras Alessandra Ferreira Ribas e Adriana Lima Moro, vinculadas à Unoeste; e o pesquisador Dr. Juliano Vilela de Resende, da Universidade Estadual Londrina (UEL); o que contempla a natureza interinstitucional e que faz parte dos critérios de avaliações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação. Outro critério é o de publicações geradas pelas produções científicas, sendo que somente o Dr. Zeist teve mais de 20 nos últimos dois anos e que contaram com as colaborações de pesquisadores de instituições brasileiras e estrangeiras; o que atende também o critério da internacionalização.
Subprojetos
Os R$ 140 mil da nova bolsa Fapesp serão utilizados nas aquisições de materiais permanentes e de consumo, na infraestrutura e benefícios complementares que forem necessários para conduzir as pesquisas, conforme o Dr. Zeist que é o proponente do projeto “Desenvolvimento e seleção de genótipos de tomateiro F2RC3 tolerantes a estresses abióticos”. Um projeto com três subprojetos, sendo dois para o desenvolvimento e seleção de plantas do tomateiro tolerantes ao déficit hídrico e a salinidade, e o terceiro sobre o desenvolvimento e seleção de plantas de tomateiro tolerantes a altas temperaturas. Os experimentos são realizados no Centro de Estudos em Olericultura e Fruticultura do Oeste Paulista (Ceofop), instalado no campus 2 da Unoeste.
A expectativa da pesquisa é a de que os resultados possibilitem o cultivo de tomateiro em regiões e épocas com menor disponibilidade hídrica, ocorrência de salinidade causada pelo acumulo de sais minerais e elevadas temperatura do ar. A produção de tomates tolerantes a esses estresses abióticos deverá resultar em importante avanço tecnológico para diferentes regiões brasileiras e com relevância internacional; de acordo com o que está previsto no projeto. Ainda conforme o projeto, a cadeia produtiva do tomate movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano, o que representa cerca de 16% do Produto Interno Bruto (PIB) gerado pela produção de hortaliças no Brasil.
Maior eficiência
Porém, em termos agronômicos, o tomate é a hortaliça de maior complexidade e risco econômico, devido aos problemas de ordem biótica (da própria planta) e abiótica (do ecossistema) que podem acometer danos ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura. O consumo de água para a produção de tomate é classificado como bastante elevado: em torno de 5.800 m3 por hectare ao longo do ciclo da cultura. Condição que leva quase a totalidade das lavouras brasileiras a serem irrigadas, gerando impactos ambientais pela quantidade de água e pelo gasto de energia. A salinidade do solo decorre de drenagem deficiente da irrigação/fertirrigação e exploração agrícola inadequada.
O aumento da temperatura em aproximadamente 0,75% graus centígrados no último século e o contínuo aumento variável de 1 a 3 graus na temperatura máxima global tende nos próximos anos a prejudicar ainda mais a reprodução e o desenvolvimento de vegetais. Diante de tais dados do projeto aprovado pela Fapesp, o entendimento é o de que genótipos com maior eficiência no uso de água e/ou com maior tolerância à seca e salinidade poderão permitir aumento substancial da área plantada com a cultura, com menor implicação na utilização de recursos hídricos que são cada vez mais escassos. Os experimentos conduzidos pelo Dr. Zeist caminham para gerar impactos econômicos e ambientais de expressiva relevância social.
Assessoria Unoeste