A Prefeitura de Jaú confirma que utilizou vacinas contra a Covid destinadas a idosos para aplicar em pessoas de 18 a 59 anos, ou seja, que não fazem parte desse grupo. As informações constam em resposta a requerimento apresentada nesta segunda-feira (24/05) durante sessão da Câmara Municipal. As inconsistências no programa de imunização não param por aí: em algumas classes, como profissionais da segurança, há mais cidadãos vacinados com a segunda do que com a primeira dose.
“Quando a gente acha que virão dados sérios, somos surpreendidos por esses números no mínimo incoerentes. Ainda estou tentando entender o critério da secretaria de Saúde nas respostas de requerimentos: informar ou gerar mais dúvidas”, pontua Luizinho Andretto, que assinou o requerimento ao lado de Mateus Turini e José Carlos Borgo.
“Idosos jovens”
Do total de vacinas aplicadas em Jaú, quase 30 mil (entre primeira e segunda doses) foram destinadas a idosos. Contudo, os números oficiais apontam para 133 aplicações em pessoas que têm entre 18 e 59 anos como se fossem idosas, o que contraria as regras do Plano Nacional de Imunização.
Entre os registros divulgados pelo município, destacam-se também 15 doses destinadas a jovens com menos de 18 anos, o que é proibido no Brasil – ao menos por enquanto. Dentre os profissionais da segurança, porém, apenas um teria tomado a primeira dose – quando se sabe que a maioria dos policiais, por exemplo, já está imunizada. Mais curioso ainda é perceber que nessa mesma classe, constam 11 vacinas como segunda dose.
Integrante dos grupos prioritários, apenas um quilombola teria sido vacinado com a primeira dose em Jaú, mas nenhum com a segunda. Acontece exatamente o oposto com os indígenas.
Nova CEI
“Na falta de transparência frente ao cumprimento da lei municipal, nós estamos apenas exercendo nosso papel de fiscalizadores e exigindo do Poder Executivo a justa aplicação do serviço público. É lamentável que, em contexto de pandemia, haja tanto descaso, especialmente se tratando de vacina, para com a população, classificando pessoas de 18 a 59 anos de idade como idosos e as vacinando prioritariamente. Resta agora saber quem são essas pessoas”, afirmou Turini.
Para ele, já se justifica a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar a situação, porém, ainda não haveria apoio político suficiente para essa medida. Vale ressaltar que já está em andamento uma investigação sobre o uso de verbas para o enfrentamento à pandemia na cidade.
O vereador Borgo também se mostrou indignado com a falta de clareza nas informações e informou que pretende levar os dados ao Ministério Público.