(Comunicação HAC) – O tratamento de câncer não pode parar. Essa é uma das principais orientações do Hospital Amaral Carvalho (HAC) aos pacientes, desde o início da pandemia, no ano passado. Outra preocupação do serviço é a expressiva queda na detecção de diferentes tipos de câncer e os agravamentos que isso pode causar em um futuro próximo.
Estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia, em março deste ano, aponta que os diagnósticos de câncer de rim, próstata e bexiga com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) caíram, em média, 26% entre janeiro e junho de 2020 – comparado ao mesmo período de 2019. O Hospital Amaral Carvalho foi um dos centros paulistas de oncologia participantes da pesquisa e, de acordo com o Urologista e diretor Clínico da Instituição e membro da Sociedade Brasileira de Urologia, Guilherme Prado Costa, essa realidade precisa mudar. “O diagnóstico precoce possibilita melhores resultados no tratamento e aumenta as chances de cura e sobrevida dos pacientes”, afirma.
Em artigo publicado na Folha de São Paulo na última sexta-feira (25/jun), o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – Seccional São Paulo e membro da Associação Americana de Urologia e da Associação Europeia de Urologia, Geraldo Faria ressalta que “a diminuição da oferta de atendimento nas unidades de saúde, associada ao medo das pessoas de se exporem em locais contaminados, promoveu uma drástica redução na identificação de pacientes com doenças oncológicas. No entanto, o rastreamento sistemático e o diagnóstico precoce dos cânceres urológicos são fundamentais”, conforme trecho do texto.
Em todo o País
O mastologista do HAC João Ricardo Auler Paloschi relata diminuição também no número de diagnósticos de câncer de mama na Instituição: queda de mais de 5% nos casos registrados entre janeiro e junho de 2020 em comparação com o mesmo período em 2019. “Profissionais de todo o País comentam o mesmo: a pandemia afetou os diagnósticos, e isso é grave. As pessoas precisam procurar atendimento médico sempre que notarem qualquer alteração no corpo. Sabemos que é um período crítico, de incertezas e, certamente, todos devem seguir as medidas de precaução da COVID-19, mas não devem deixar outros problemas de saúde de lado por medo de contraírem a doença”, comenta.
Paloschi, que também é membro da Sociedade Brasileira de Mastologia, afirma que uma pesquisa realizada pela entidade no final do ano passado, revelou que, de 500 mastologistas entrevistados, cerca de 70% tiveram que alterar o protocolo de tratamento e 50% adiaram cirurgias de câncer de mama por conta da pandemia. “O mesmo estudo aponta uma diminuição de 50% na realização de mamografias para rastreamento do câncer de mama, o que impacta negativamente e de maneira definitiva nas probabilidades de cura da doença. Caiu muito o número de diagnósticos e, por outro lado, temos visto cada vez mais casos avançados. Isso acarretará um custo maior para o SUS, com mais quimioterapias, radioterapias e, principalmente, ao próprio paciente, que poderá ter mais complicações e menos chances de superar a doença”, lamenta.