Relação Ser Humano e Natureza – Cine Denadai!
A relação entre nós, seres humanos e a natureza está abalada. A culpa é nossa. E o pior, nos achamos melhores e maiores do que o ambiente em que vivemos. Mero engano. Apesar que achar que controlamos a natureza, nós que estamos em suas mãos. E as reações da natureza após nossas ações, serão cada vez mais fortes e sofremos cada vez mais os impactos das nossas escolhas nada sustentáveis. E sobre tal equilíbrio entre ser humano e natureza que escrevo essas dicas.
Amizade e meio ambiente tem suas semelhanças, já que a falta de harmonia pode romper a normalidade que elas precisam para fluir naturalmente. E é sobre isso que “Amargo Pesadelo” fala. Quatro amigos decidem descer de caiaque um rio que logo irá virar uma represa alagando todo o ecossistema ao seu redor. A intenção dos amigos é curtir os últimos momentos de equilíbrio ambiental de uma região com uma natureza maravilhosamente perigosa. E antes do desequilíbrio da região, acontecerão coisas que irão acabar com o equilíbrio da amizade entre eles. E com esse equilíbrio de suas relações abalados, não é só os perigos naturais que irão ser motivos de conflitos e estresses. Segredos, mentiras, brigas e tragédias aguardam os amigos rio abaixo. Um filme corajoso que tocou em assuntos polêmicos (que não falarei aqui) que com certeza eram tratados como tabu quando foi lançado em 1972. Filme com ótimas interpretações, recheados de cenas muito bem filmadas em uma sufocante floresta e que tem tudo para estar na minha lista de melhores do ano. Disponível em: MAX.
Não é todo mundo que gosta de se isolar no meio do nada contar somente com natureza ao redor. Quem gosta, procura essa situação para descansar e fugir da rotina caótica do dia a dia. Mas no caso dessa próxima dica temos uma outra situação. Em “Sem Rastros” um pai o adulto Will escolhe o meio do mato para fugir de um passado que não fica tão claro, mas totalmente compreensível. Ele tem como companhia a sua filha adolescente. E é da natureza que eles triam seus sustentos em uma harmonia que só é abalada com as visitas de algo que parece um algo como um conselho tutelar. Numa dessas visitas, Will e sua filha são levados para uma tentativa de integração com a sociedade. Will sabe o que o espera, ao contrário de sua filha, que começa a apreciar esse novo estilo de vida e o equilíbrio dessa relação passa a ser abalado. Um filme belo e delicado que toca em assuntos complicados dessa relação entre pai e filha. Será que por conta das frustrações com o mundo e da vida adulta que Will teve, ele deve tirar a normalidade com as alegrias e problemas que sua filha adolescente deveria viver? Bem, preparem os lencinhos e curtam um excelente filme! Disponível em: Netflix.
Essa relação pai e filha mais natureza também é o assunto do ótimo filme japonês “O Mal não Existe”. Se bem que nesse caso, a filha tem uma vida normal, já que ela e seu pai vivem em uma comunidade isolada, mas que tem escola e relações interpessoais constantemente. O desequilíbrio dessa relação e dessa comunidade vem através de um empreendimento que pretende colocar um camping gourmetizado na área, fazendo com que turistas que provavelmente não estrão nem um pouco preocupados com a relação que essa comunidade passou ter com a região, passam a perambular por lá. E por trás desse empreendimento, obviamente que temos uma megacorporação preocupada com lucros a qualquer custo. Nenhuma ideia da comunidade para mitigar os impactos do empreendimento serão levadas adiante, já que isso geraria custos e diminuiriam os lucros. Lembram na escola quando aprendemos sobre economia de subsistência? Pois é, essa comunidade vive dessa maneira em um belo equilíbrio com a natureza. Toda ação é pensada nesse equilíbrio. E não somente essa empresa abala a normalidade do local. Algumas pessoas encantadas com o dia a dia da comunidade tentam se inserir nessa rotina, prejudicando, principalmente a relação entre o pai e a filha que protagonizam a história. Disponível em: MUBI.
Com certeza um dos filmes mais conhecidos e cultuados que exploram essa relação entre ser humano e meio ambiente seja “Na Natureza Selvagem” Baseado em um best-seller que narra as aventuras de um jovem que resolve deixar de lado o conforto de sua vida e de seu futuro promissor para explorar locais selvagens. Tal andança faz com que ele chegue até o congelante Alasca. Lá ele está longe das reponsabilidades que o dinheiro lhe trazia, além de não ter a cobrança de seus pais. Seu futuro e destino passava a ser escolhido por ele e não mais pelos outros. Tudo muda na vida de Chistopher McCandless e para ratificar isso, troca até seu nome, começando a se apresentar como Alexander Supertramp. Já citei em meu texto sobre documentários da relação que vejo desse filme com o espetacular “O Homem Urso”. Desde as razões iniciais que nossos protagonistas tem para sumir do mundo até o trágico desfecho. Disponível em: Shock Vídeo Café e acervo próprio.
Para ilustrar um pouco melhor essa próxima dica vou falar um pouco de história do Brasil. Em 1500 quando Pedro Alvares Cabral descobriu (invadiu) o Brasil, ele encontrou uma população que passou por consenso histórico passou a ser chamado de índios, mas que com o passar do tempo e com um pouco mais de bom sendo percebemos que o mais correto seria chamar de povos originários, já que estavam por aqui há milhares de anos. Dito isso, a maneira como um membro de uma tribo de povos originários interage com a natureza é totalmente diferente da interação do chamado “homem branco” e isso é muito bem mostrado no filme colombiano “O Abraço da Serpente”. Baseado nos escritos de dois exploradores separados por 40 anos, mas que se conectam por ter se encontrados com o mesmo xamã de uma tribo amazônica e que buscavam o mesmo objetivo, a cura através de uma planta misteriosa com caraterísticas medicinais. Como não costuma ler sinopses, esperava outra coisa desse filme, mas gostei demais. Há uma certa complexidade no filme que elucida bastante como é a relação do xamã e seu povo e a natureza. O verde da floresta é descartado pela filmagem em preto e branco, e compreendi que isso é pelo fato que o filme não fala do visual arrebatador da Amazônia, mas do que não é visível. O filme é dessa relação de respeito dos povos originários e a floresta. Disponível em: Amazon Prime.
É totalmente comum relacionar religiões e natureza e nessa relação que encontramos por exemplo, a criação do mundo e dos seres que aqui vivem. Em “Encantadora de Baleias” vemos essa relação de religião e natureza através Paikea, uma jovem Maori (povo originário da Nova Zelândia) que foi abandonada pelo pai e é criada pelo de forma carinhosa pela avó e pelo tio e com certa rejeição pelo avô. Tanto as baleias e, consequentemente o oceano, são de grande importância para as crendices locais, segundo os Maoris, seu povo foi trazido ao mundo por esses animais. No filme essas crendices e ritos são mostradas de maneira bem simples e facilmente compreensíveis. Um filme neozelandês, feito por neozelandeses, mas não só para eles. Um filme feito para mostrar um pouco da rica cultura Maori. É o cinema como agente de informação. Um filme muito agradável e singelo para ver e ficar feliz. Disponível em: Shock Video Café.
Então é isso. Nada mais do que justo juntar duas coisas boas e importantes, que é assistir bons filmes e cuidar da natureza.
Boa sessão e até a próxima.