O papado do Papa Francisco começou em 13 de março de 2013, quando o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito o 266º papa da Igreja Católica. Primeiro papa jesuíta e também o primeiro da América Latina, sua escolha representou uma quebra de paradigmas históricos no Vaticano. Desde então, seu pontificado vem sendo marcado por uma liderança mais humana, ênfase na justiça social, reformas administrativas e um diálogo constante com o mundo contemporâneo.
O Papa da periferia e da simplicidade
Desde o início, Francisco optou por um estilo de vida mais simples. Recusou-se a viver nos luxuosos aposentos papais e preferiu residir na Casa Santa Marta. A decisão foi um símbolo de seu compromisso com uma Igreja menos institucional e mais próxima do povo, especialmente dos pobres e marginalizados — tema recorrente em suas homilias, encíclicas e gestos concretos.
No discurso inaugural de seu pontificado, declarou que queria “uma Igreja pobre para os pobres”. E não ficou nas palavras: visitou refugiados em Lampedusa, lavou os pés de presidiários, muitos deles muçulmanos, e fez críticas incisivas à “globalização da indiferença”.
Reformas e desafios internos no papado do Papa Francisco
O papado do Papa Francisco também é marcado por tentativas corajosas de reformar a Cúria Romana, o corpo administrativo da Santa Sé. Criou o Conselho dos Cardeais (C9), reformulou o banco do Vaticano (IOR) para maior transparência financeira e publicou a constituição apostólica Praedicate Evangelium, que alterou a estrutura organizacional da Cúria pela primeira vez desde 1967.
Apesar dos avanços, suas reformas enfrentaram resistência de setores mais conservadores da Igreja. As tensões internas se intensificaram com sua postura mais acolhedora em relação a temas como homossexualidade, comunhão de divorciados e celibato clerical. Francisco não rompeu com a doutrina tradicional, mas trouxe nuances importantes ao diálogo e à escuta.
Ensinamentos e encíclicas transformadoras
Duas encíclicas se destacam em seu pontificado: Laudato Si’ (2015), sobre a ecologia integral, e Fratelli Tutti (2020), sobre fraternidade e amizade social. A primeira posiciona o Vaticano como voz ativa na luta contra a crise climática, criticando o consumismo desenfreado e pedindo por uma conversão ecológica. Já a segunda reforça o apelo por uma cultura de paz em um mundo fragmentado, atingido por guerras, desigualdade e intolerância.
Ambas as obras transcendem fronteiras religiosas e são amplamente citadas por lideranças políticas, ambientais e sociais no mundo todo. É um papa que fala ao mundo, e não apenas à Igreja.
Pandemia e um gesto solitário que marcou o mundo
Durante a pandemia de COVID-19, Francisco protagonizou uma imagem poderosa: sozinho, sob a chuva, na Praça de São Pedro vazia, concedendo a bênção Urbi et Orbi em um momento de oração extraordinária. A cena comoveu o mundo e consolidou sua imagem como um líder espiritual atento ao sofrimento humano global.
O legado do papado do Papa Francisco
O papado do Papa Francisco ainda está em curso (até a definição de um novo Papa pelo conclave que acontecerá em alguns dias), mas já pode ser visto como um dos mais relevantes dos últimos tempos. Ele recolocou a Igreja no debate público com um olhar renovado, humanista e acessível. Seu legado será lembrado por tentar equilibrar tradição e modernidade, fé e razão, doutrina e misericórdia.
Enquanto os desafios continuam — seja nas tensões internas, na missão evangelizadora ou na complexa relação com o mundo secularizado —, uma coisa é certa: Francisco mudou a forma como o mundo olha para a figura do Papa e para o papel da Igreja.
Vai fazer muita falta. Descanse em paz, Francisco.
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