Desde quando começou a fazer planos, o João já estava decidido o que queria “fazer quando crescer”. Detentor de um talento, João desenha desde pequeno, mas sabemos que apenas talento não é suficiente.
Para entrar na DC Comics é preciso ter técnica, muito estudo e muitos, mas muitos anos de trabalho e persistência.
Batemos um papo com o “Jão”, e fizemos algumas perguntas sobre como foi todo esse processo, os anseios e a realização pessoal.
Acompanhe:
Como foi todo o processo de seleção para começar a trabalhar em uma das maiores indústrias de quadrinhos do mundo?
Persistência (risos)! Para se conseguir trabalhar com HQ (história em quadrinhos), o artista precisa fazer inúmeras amostras de páginas sequenciais e todo mês ser avaliado, mantendo contato com os editores e atualizando mensalmente as amostras.
João, você poderia compartilhar um pouco mais sobre como desenvolveu suas habilidades de desenho ao longo dos anos? Quais foram suas principais influências e momentos de aprendizado?
Comecei a desenhar com mais frequência na adolescência, por causa de um amigo meu, o Ricardo Guerra.
Assim que finalizei o período escolar, fui para São Paulo em busca de qualificação profissional. Estudei Desenho na Impactos Quadrinhos, e depois fiz diversos outros cursos de artes como animação.
Me profissionalizei em Colorista de Quadrinhos, estudando com o Dijjo Lima, na qual meus mais recentes trabalhos são como colorista.
Sabemos que entrar na DC Comics é um grande feito. Como você se preparou especificamente para atender aos requisitos técnicos e de qualidade exigidos por uma editora tão renomada?
Qual foi o momento em que você decidiu que queria trabalhar na DC Comics? Você teve algum mentor ou figura inspiradora que o incentivou a seguir esse caminho?
Conte-nos sobre o momento em que soube que tinha sido selecionado para trabalhar na DC Comics. Como foi a sensação de realizar um sonho tão grande?
Nossa, foi incrível
Mike Deodato disse que tinha me indicado para colorir a capa do Superman, então ficamos na torcida e expectativa. Depois de alguns dias meu agente Joe Prado me enviou mensagem dizendo: “Deu certo Jão, você vai colorir a capa do Superman”!
Foi um longo caminho, quase duas décadas nesse percurso, fazendo infinitas amostras. Receber essa notícia foi inacreditável, pois a DC Comics é umas das maiores editoras do mundo, um grande desejo idealizado e realizado!
Trabalhar em uma indústria de quadrinhos envolve colaboração com outros profissionais. Como é a dinâmica de equipe na DC Comics? Com quais escritores, artistas ou editores você já teve a oportunidade de trabalhar?
Sim, para se fazer uma HQ são processos que envolvem vários artistas.
Primeiro tem o roteirista da nossa história, depois segue para o desenhista que faz as ilustrações à lápis ou digital, em sequência tem o arte-finalista, que em alguns casos é o próprio desenhista quem faz isso. Em seguida, a página vai para o colorista minha área, onde trabalho com a harmonia das cores de acordo com a narrativa da história.
Finaliza com a diagramação dos balões e onomatopeias, e todo esse processo é supervisionado pelo editor para garantir o prazo de entrega e orientar os artistas.
Quais são as principais séries ou personagens da DC Comics em que você está envolvido atualmente como colorista? Existe algum projeto em particular que você está pessoalmente animado para compartilhar com os fãs?
Colori algumas capas para a DC Comics, como Superman Lost, Justice League vs. Godzilla vs. Kong, Aquaman and the Lost Kingdom, FlashSpeed Force, Batman: The Brave and the Bold e Shazam vs. Black Adam.
Estou envolvido em outros trabalhos que não posso falar no momento, pois assino contrato de confidencialidade, mas assim que possível ficarei feliz em poder contar sobre esses projetos!
Você já teve a oportunidade de deixar sua marca em algum personagem icônico da DC Comics? Se sim, como foi reinterpretar ou dar sua própria visão a esse personagem?
Sim!
Colori o Superman, Wonder Woman e Green Lantern na capa Justice League vs. Godzilla vs. King Kong.
Essa capa ficou incrível, e saber que meu trabalho, minha paleta de cor vai ser publicada e impressa pela DC é muito empolgante! Não vejo a hora de receber minha HQ física!
Como é lidar com as expectativas dos fãs e a pressão de trabalhar em uma das maiores editoras de quadrinhos do mundo? Como você lida com críticas e elogios?
Me dedico a manter meu trabalho sempre em alta qualidade, pois renomadas editoras exigem muito, e existe uma grande concorrência.
Diariamente, grandes artistas do mundo todo, estão enviando suas amostras para serem avaliadas. O processo para entrar é difícil, mas se manter no mercado também é um desafio.
Tenho recebido muitos feedbacks gentis e de aprovação, sinto que estou no caminho certo e em evolução, isso me deixa animado para progredir!
Para jovens artistas que aspiram seguir seus passos, quais conselhos você daria para alcançar sucesso na indústria de quadrinhos, especialmente na DC Comics?
As renomadas editoras são exigentes e possuem prazos curtos de entrega a serem cumpridos.
Será um caminho com muito esforço e dedicação, mas minha dica é aproveitar o processo!
Curta seu trabalho, se mantenha atualizado com novos cursos e ferramentas, converse e aprenda com outros artistas mais experientes, ouça e absorva as críticas construtivas de artistas, editores e agentes, pois eles entendem o mercado e sabem realmente o que você deve melhorar.
Acima de tudo, seguir as observações e colocar nas próximas amostras, sempre se mostrar um artista dedicado e em evolução, esse é o propósito que eu sigo! Nesse percurso ter um bom agente é fundamental.
Além do trabalho na DC Comics, você tem outros projetos pessoais ou colaborações que gostaria de destacar? O que o futuro reserva para o Jão Canola no mundo dos quadrinhos?
Trabalho em editoras na França, Índia, Polônia, Canadá, Dubai, entre outras.
Colori algumas capas de franquias que sou muito fã como G.I. Joe e Conan the Barbarian.
Mas estou bem focado para conseguir mais projetos na DC Comics, e também tenho o objetivo de entrar na Marvel (risos)!
Aproveitando o trocadilho, colorir o Spider Man seria espetacular (risos)!
César e Jauclick, agradeço a torcida 🙂
