Washington Olivetto era uma dessas figuras que parecem existir em várias camadas ao mesmo tempo. Para muitos, ele foi o publicitário que criou campanhas emblemáticas, daquelas que parecem ter definido épocas inteiras da propaganda brasileira. Mas, em algum ponto da trajetória dele, quando se olha com mais atenção, você percebe que o verdadeiro brilho não estava apenas nas ideias publicitárias – era na maneira como ele liderava, ou talvez, na forma como ele não liderava.
A ironia é que, enquanto jovem, Olivetto já tinha aquela postura de quem “manda”. Não no sentido autoritário, mas com aquele ímpeto de quem acredita que pode fazer mais, e faz. Era como se ele tivesse nascido com a naturalidade de um chefe, alguém que entende o jogo de poder e as nuances do ambiente de trabalho, sem ter o título oficial para isso ainda. Era um jogo de xadrez invisível, onde ele movia peças para ser notado, enquanto a maioria estava apenas tentando descobrir o tabuleiro.
Mas aí, algo curioso acontece. Quando ele cria sua própria agência, WBrasil, a lógica inverte. Olivetto, agora dono, percebe que o verdadeiro poder não está em se mostrar inabalável ou distante. “Nunca queira competir com o empregado”, ele disse uma vez. Pensa nisso. É quase contracultural no mundo dos negócios, onde tantas vezes o chefe sente a necessidade de ser o mais inteligente, o mais criativo, o mais tudo. Para ele, o caminho foi outro: mostrar vulnerabilidade. Ser “de carne e osso”, como ele gostava de dizer.
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E isso é uma lição de liderança que não vem nos livros de autoajuda corporativa. Ele entendeu que uma equipe forte não é aquela que se sente diminuída pela sombra do chefe, mas uma que sente que o chefe está lá para ajudar a carregar o peso, não para adicionar mais sobre os ombros já cansados. É como se ele tivesse intuído que, ao mostrar suas falhas, ele permitia que os outros brilhassem.
É curioso pensar que, em um mundo que parece obcecado com líderes “inspiradores”, Olivetto se destacava por ser, acima de tudo, genuíno. Essa palavra soa meio desgastada nos tempos de hoje, mas, para ele, era prática. Talvez a sua grandeza tenha sido justamente saber quando era hora de sair do caminho, de deixar que as criações falassem por si mesmas, que o time se sentisse parte de algo maior.
Não é difícil imaginar que essa humildade, essa habilidade de descer do pedestal, deve ter sido o que manteve sua carreira não só longeva, mas também profundamente humana. Em um mercado onde egos inflamam a cada prêmio conquistado, ele parecia ter os pés no chão, lembrando que, no final das contas, somos todos de carne e osso – inclusive os gênios.
Olivetto não era o típico chefe que vivia para reafirmar sua posição. Ele vivia para criar e, talvez mais importante, para permitir que os outros criassem junto com ele. E isso, no fim das contas, é o que torna sua liderança não apenas admirável, mas inesquecível.