Cine Denadai

Luz, câmera e mulheres em ação

Do Brasil à Arábia Saudita, Uma Viagem Pelo Cinema Feminino de Impacto

Dia das Mulheres chegando e nada mais justo do que ressaltar o trabalho delas atrás das câmeras, já que como atrizes, apesar de muita dificuldade para se estabelecerem e serem respeitadas em seu meio de trabalho, é mais fácil reconhecê-las, então por isso que preferi escrever sobre ótimos trabalhos dirigidos por mulheres incrivelmente competentes.

Começando com uma mulher brasileira em um filme de imenso sucesso e terrivelmente verdadeiro. Dirigido por Laís Bodansky, “Bicho de Sete Cabeças” é passado nos anos de 1970 e retrata a ineficácia do tratamento patológico e social dos viciados em drogas de um manicômio, inclusive a maneira em que essas pessoas eram vistas na sociedade, se bem que isso ainda não mudou muito, mesmo com mais informações sobre o que é a dependência química.

Estrelado por Rodrigo Santoro, o filme da brasileira é de extrema importância por alavancar a carreira internacional do ator, já que a obra foi exibida em diversos festivais internacionais e foi o filme brasileiro escolhido para concorrer aos Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, não chegando até a noite da premiação, mas isso não reduz em nada as qualidades dos filmes, tanto em sua direção, roteiro e atuações.

Um marco do cinema nacional lançado na virada do século que deve ser visto e refletido. Disponível em Shock Video Café e Netflix.

Tenho meus receios com refilmagens, principalmente quando são de filmes que marcaram meu início na vida de cinéfilo. E os filmes que mais sofrem nessa onda de releituras, são os filmes de terror. Mas nem sempre isso acontece. Apesar de não ser melhor do que o original a nova versão de “A Lenda de Candyman” acerta em instalar um olhar moderno nas questões sobre o racismo, sem deixar de lado a clássica origem do serial killer com um gancho na mão.

A nova versão do filme é dirigida por jovem Nia DaCosta, sendo ela mais jovem que o filme original. Mas provavelmente uma fã ou admiradora desse ótimo filme. Estão lá os guetos e as dificuldades habitacionais da comunidade negra, a origem escravista do “vilão” e a maneira que Candyman é invocado está lá. Eu não vou escrever aqui qual é essa maneira, mas eu duvido e duvido muito que você não irá se tentar a invocar Candyman quando estiver de frente para um espelho. Se você assim como eu, viu esse filme com seus 13 ou 14 anos irá entender ainda mais o que estou falando. E vale o destaque de momentos em que algumas histórias são contadas através de bonecos na sombra.

O efeito ficou ótimo!

Disponível em: Shock Video Café, acervo próprio, TeleCine.

O cinema é totalmente inclusivo, pelo menos era para ser. Mulheres poderiam estar na direção de filmes assim como homens e não ter surpresa ou polêmica os ver a não indicação de uma mulher para Melhor Direção em uma premiação como o Oscar. Greta Gerwing fez por merecer esse barulho e até uma indicação por “Barbie”, mas acredito que tinha uma outra mulher em sua frente na corrida por uma indicação para a categoria.

Apesar de eu ainda não ter assistido, Celine Song de “Vidas Passadas” tem sido lembrada em outras premiações e mais do que isso, vencendo na categoria de direção. Mas Greta já teve sua indicação para a categoria e se “Lady Bird: A Hora de Voar” não teve o sucesso de bilheteria de “Barbie”, arrancou risadas e emocionou quem assistiu essa obra que mostra um importante momento da vida de muitas garotas, como o primeiro namoro, os conflitos típicos de adolescente com a mãe e o último ano do colégio.

Principalmente por Lady Bird, a protagonista do filme, querer uma faculdade longe de sua monótona cidade. O filme é uma delícia e acaba sendo impossível não se identificar com a protagonista e seu dia a dia. Principalmente para quem já teve seus 17 anos.

Disponível em: Shock Video Café, acervo próprio e TeleCine.

Falando em inclusão, vamos de um filme que desafiou preconceitos milenares em um país extremamente machista e com pouco cultura cinematográfica. “O Sonho de Wadjda” além de ser o primeiro filme gravado totalmente na Arábia Saudita, é o primeiro filme dirigido por uma mulher naquele país. E esse feito coube a Haifaa Al-Monsour.

Ou seja, já existiram filmes árabes, mas eles deveriam contar com grana, estrutura e mão de obra de outros países. Se “O Sonho de Wadjda” contou com ajuda externa par ser produzido, eu não saberia dizer, mas passa a ser um marco na cinematografia do país. Wadjada, como toda garota, mulher ou pessoal normal, deseja ser livre e fazer o que quiser.

Quando se é uma criança de 10 anos, basicamente ela quer brincar. E em seu país de origem, nem isso ela pode fazer em paz, já que não pode se divertir com seus amigos ou andar de bicicleta sem o olhar torto de membros de uma sociedade conservadora e como já dita, machista. Um filme leve e gostoso, como deveria ser a infância de qualquer criança, mas que acaba esbarrando em percalços que ainda insistir em existir. Recomendo muito esse filme, inclusive fiz questão de ele estar na lista!

Disponível em: Shock Video Café (tá vendo, esse filme está bem acessível para quem quiser ver).

Mais do que uma disputa pela estatueta, o Oscar de 2010 teve um embate familiar, ou pelo menos, de ex familiares, já de um lado tínhamos o favorito “Avatar” de James Cameron e o drama de guerra independente “Guerra ao Terror” dirigido por Kathryn Bigelow, ex esposa do diretor. Kathryn já era uma diretora de respeito quando concorreu ao Oscar naquele ano.

Mas o que tinha pela frente era mais grandioso ainda e naquela noite ela se tornaria a primeira mulher a receber o Oscar de Melhor Direção. Um marco na história do cinema! “Guerra ao Terror” chegou na corrida das premiações de maneira despretensiosa, já que fora lançado no meio de 2009 e filmes lançados no meio do ano não tem tata pretensão para o Oscar como os filmes lançados no final do ano. Isso nada mais é do que uma estratégia, já que os filmes lançados em novembro ou dezembro tem mais facilidade para serem lembrados quando há os indicados em qualquer premiação. Mas “Guerra ao Terror” não concorreu contra qualquer filme.

“Avatar” era até então a maior bilheteria da história do cinema. Sucesso de crítica e bilheteria, a noite era para ser azul, assim como os personagens do filme, mas acabou tendo os tons áridos do escaldante deserto Iraquiano. Sim, mulher faz filme de guerra também, até porque, ela faz o filme que ela quiser! Ah, mas que fique bem claro, na minha humilde opinião o melhor filme da diretora é “Detroit em Rebelião”. Mas a indicação da vez é “Guerra ao Terror”, mesmo. Disponível em: Shock Video Café, acervo próprio, Amazon Prime e Netflix.

Fica a dica dessas grandiosas obras.

Quis ser o mais eclético possível para mostrar vasto o talento dessas mulheres. Vale a pena dar uma olhada na filmografia delas.

Tem muita coisa boa que elas dirigiram! Inclusive, fiz questão de colocar o rosto de cada uma abaixo das imagens de seus respectivos filmes.

Boa sessão e até breve!

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André Denadai

André é jauense, xvano, palmeirense e apaixonado por cinema e ele escreve periodicamente para o Jauclick.

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