Foi entre o final do século passado e no começo desse que tive minha maior assiduidade no cinema, nessa época, ainda havia o Cine Municipal na Prefeitura de Jaú e morava três quarteirões de lá e com preços acessíveis nas quartas feiras, eu estava sempre lá. A maioria das vezes com meu amigo Gustavo ou sozinho algumas poucas vezes. Além desses motivos já citados, o que contribuiu bastante, foi a quantidade de filmes bons que passavam semana após semana por aqui. Na lista abaixo irei citar e recomendar alguns desses filmes que foram produzidos em 1999, mas não necessariamente exibidos no Brasil ou lançados em locadora nesse mesmo ano. Muita coisa feita em 1999 pode ter chego por aqui somente em 2000 ou até 2001. Sendo assim, usarei o aplicativo IMDb para ver o ano de produção do filme para colocar nesse rol. A lista é tão boa que alguns filmes desse ano já foram citados em textos anteriores como “História Real”, “A Bruxa de Blair” e “O Sexto Sentido”. Deve ter outros, mas me lembro desses no momento.
Para começar, vamos de vencedor do Oscar de 2000. Lançado em 1999 “Beleza Americana” veio como uma voadora na conservadora classe média americana. Temas como homossexualidade, drogas, traição, homens que ganham menos que as esposas, materialismo, depressão, culto ao corpo e alguns temas que nem vem ao caso citar aqui, mas estão no filme. Temas que são tabus nas famílias tradicionais de quaisquer países, mas que, apesar das aparências enganarem, estão presentes no dia a dia das mesmas.
Para juntar com tudo isso, anos depois do lançamento do filme, Kevin Spacey, principal estrela do filme, foi acusado de algumas perversões bem baixas e com atitudes que pareciam se assemelhar com as suas baixarias do filme. Mas apesar das acusações, após a investigações, o autor foi inocentado. Para dividir a tela com o ótimo Spacey, a espetacular Annette Bening, como a esposa do protagonista. Uma palavra resumiria bem esse filme e ela é “atual”, independente do ano que você irá assistir esse filme, ele será atual. E esse é dos grandes méritos desse filme.
Disponível em: Shock Vídeo Café, acervo próprio e AppleTv.
Se tem um tema que está merecendo um texto só para ele, seriam as adaptações ao cinema das obras literárias de Sthephen King. E até seria fácil para mim, já que não faltam opções, inclusive já vi várias, provavelmente a maioria. Inclusive, antes de colocar em aplicativos os filmes assistidos, eu tinha um caderno onde costumava anotar tudo o que eu via e deixava uma página separada só para adaptações de King. E apesar de ser conhecido como mestre do terror, dois filmes de drama passados em prisões se destacam nessas adaptações, “Um Sonho de Liberdade” é de 1994 e “À Espera de um Milagre” do famoso 1999.
Esse filme nem é uma recomendação, esse é uma citação, pois não deve ter alma vida no mundo que goste de assistir filmes que não tenha visto essa obra fascinante. Mesmo tendo Tom Hanks no elenco, quem se destaca é o gingante se saudoso Michael Clarke Duncan. Menor que ele, somente o coração de seu personagem John Coffey. Nas mais de 3 horas de duração desse filme, não faltarão momentos para se emocionar, seja com Coffey, com os agentes penitenciários ou o ratinho Jingles. O filme é um drama, mas com toques sobrenaturais que é uma marca das obras de King e essa soma resulta em uma de suas maiores adaptações. A toque de curiosidade, esses dois dramas de cadeia são dirigidos pelo mesmo cara, Frank Darabont, que também dirigiu outra adaptação de King, o impactante “O Nevoeiro”. Darabont também é o cara que produziu e roteirizou a primeira temporada de The Walking Dead, que por sinal, é a melhor temporada.
“À Espera de Um Milagre” está disponível em: Shock Vídeo Café, acervo próprio, Max e AppleTv.
O melhor ano do cinema americano não poderia de ter um filme do melhor diretor americano de todos os tempos, pena que foi seu último filme. No caso, estamos falando de “De Olhos Bem Fechados” de Stanley Kubrick. Conhecido por seu perfeccionismo, podemos considerar esse filme quase que inacabado, já que Kubrick mexia em algo nos seus filmes até pouquíssimo tempo antes de seu lançamento, mas o diretor veio a falecer antes dos filmes chegarem as telonas. Entre vários desses méritos, um deles é conseguir juntar uma das melhoras duplas possíveis da época. Com o casal Nicole Kidman e Tom Cruise em cenas para lá de sensuais, Kubrick consegue tirar o melhor de cada um deles.
De Kidman deve ser um pouco mais fácil, pelo menos eu acho isso, já que tenho ela como uma das minhas atrizes preferidas. E de Tom Cruise também não deve ter sido tão complicado, já que, apesar de ser conhecido por filmes que esbanjam testosterona, o cara tem talento para dramas. Inclusive em “Magnólia”, um filme também de 1999, que só não está nessa lista, pois eu teria que ver de novo. É um filme mais difícil (até chuva de sapo tem nele), mas excelente. Falando em rever, “De Olhos bem Fechados” merece uma outra assistida, já que algumas dúvidas ficaram na época que vi esse filme pela primeira vez e tive que recorrer as leituras para entende-lo.
Disponível em: Shock Vídeo Café, acervo próprio, Max e AppleTv.
Se usei uma palavra para definir “Beleza Americana”, também vou usar uma para adjetivar essa próxima dica, ou melhor, próxima citação, já que estou falando de um filme que se você não viu, provavelmente esteja vivendo em uma realidade paralela à nossa. “Matrix” é fácil uma das obras mais importantes da ficção científica, proporcionando novos conceitos para o gênero. Sua maior revolução está nos efeitos especiais, que é mais bem feito que muita coisa que vemos hoje em dia. D
estaque para o espetacular “bullet time” na famosa cena onde NEO desvia do disparo de balas de revólver. O filme é um misto de Kung-fu com filosofia. Tem cenas de lutas absurdamente bem coreografadas, além de questionamentos inspirados na Alegoria da Caverna do filósofo grego. Mas o sucesso teve um preço pesado, ou melhor, três preços pesados. Suas continuações são bem desnecessárias, inclusive uma última feita quase 20 anos depois do último filme da trilogia inicial. Recomendo somente o primeiro filme da saga.
Disponível em: Shock Vídeo Café, acervo próprio, Max, Prime e AppleTv.
Geralmente coloco no mínimo cinco filmes nas minhas listas, mas dessa vez vou parar nesses quatro. O ano de 1999 tem muita coisa que poderia entrar nessa lista, mas prefiro reservar para próximos textos, como “Vivendo no Limite” de Martin Scorcese. Poderia colocar aí também “Clube da Luta” que é fácil dos melhores filmes que já vi na vida, mas vai ficar para uma próxima. Há também ótimos filmes desse ano que ainda não vi, como “O Talentoso Ripley”. Mas aos poucos vou vendo, revendo e curtindo esses filmes desse ótimo ano para o cinema americano.
Até a próxima e boa sessão!