Clarice: a história da mulher negra que fundou o primeiro time feminino de Jaú

Advogada e sindicalista, Clarice fez história ao criar o primeiro time de mulheres de Jaú

Essa história merece destaque e eu não lembrava. É sobre a fantástica Clarice, advogada e sindicalista que teve sua história contada no site jogamiga.com.br, pela jornalista carioca Cecília Quevedo e mereceu postagem especial no blog desse louco por futebol que vos fala:

“O futebol feminino no Brasil foi proibido de 1941 até 1979. Isso não quer dizer que, durante todo esse tempo, times de mulheres não existiram e resistiram. Mas se o futebol feminino hoje ainda tem pouco espaço na mídia e na historiografia, da modalidade em sua fase “marginalizada” sabemos menos ainda.

Mas as histórias existem e são das boas. A que o JogaMiga traz hoje foi contada no podcast “História Preta” e ficamos convencidas que ela merece o mundo!

Então fomos atrás de Jun, produtor musical que nos contou sobre sua tia-avó Clarice: fundadora do primeiro time de futebol feminino de Jaú, no interior de São Paulo. O time foi criado durante o período da proibição. Só por isso Clarice já merecia seu lugar na história. Mas sua jornada não começa e não acaba aí.

O time era formado quase inteiramente por mulheres negras empregadas domésticas. Times de empregadas domésticas não eram algo extremamente incomum. Inclusive, as equipes de futebol de areia do Rio de Janeiro que deram origem ao time-base da primeira seleção de campo do Brasil, eram formadas por várias faxineiras que trabalhavam em casas na orla.

Porém, duas coisas chamam atenção na história de Jaú: a equipe de futebol feminino, era o time do sindicato das domésticas, também liderado por Clarice. Mas ela não era empregada doméstica, e sim advogada:

“Minha tia-avó era bastante engajada com as questões raciais e sociais da cidade, desde sempre. A comunidade negra da época era bem unida, e foi dela a iniciativa de formar um sindicato das empregadas domésticas pra reivindicar melhores condições pra essas trabalhadoras. Aí resolveu fundar um time de futebol composto por essas mulheres pra rolar uma união, integração maior entre elas e ser também uma atividade recreativa pra além da rotina pesada de trabalho delas”, afirma Jun.

Segundo conta o sobrinho-neto, o time de Clarice foi fundado entre os anos 60 e 70, e existiu por mais ou menos 10 anos: “não sabemos a data certa, mas meus tios contam que o time durou uns 10 anos. Aos poucos as jogadoras foram envelhecendo e deixando de jogar”.

Jaú já deu uma jogadora para a seleção brasileira, a zagueira Mônica de Paula, prata em Atenas 2004. Mas hoje, a cidade não tem nenhuma equipe de futebol feminino.

Contudo, o legado de Clarice foi muito além do futebol. A primeira advogada negra da cidade foi responsável por proibir a divulgação do nome completo de negros presos nos noticiários locais, quando publicavam apenas as iniciais dos presos brancos. Hoje, mesmo após sua morte, continua sendo uma inspiração de vida e luta.

Parabéns, Cecília, gratidão por levar essa história para o mundo ver.

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César Mantovanelli

César Mantovanelli

Publicitário, XVano e Palmeirense, escreve periodicamente para o Jauclick.com

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