Quando a gente pega pra falar sobre XV de Jaú, as sensações que passam pelo nosso corpo, nosso cérebro, por toda a nossa alma, são indescritíveis em palavras.
Desde que me conheço por gente, o Galo da Comarca esteve presente na minha vida, de uma forma ou de outra.
Quando nasci, já tive a oportunidade de ser inserido no ambiente do futebol pelo fato do meu pai trabalhar na rádio, assim como meus outros tios.
Minha família já respirava futebol, respirava o XV, antes mesmo de eu estar inserido neste mundo.
Minhas primeiras memórias de futebol são no Zezinho Magalhães. Aquela muvuca de pessoas em dias de jogo e eu, ainda pequeno, dentro do gramado, entrando com jogadores e depois indo pra arquibanca. São lapsos de memória que até hoje me deixam emocionados de lembrar.
Essa ligação com o XV persiste até hoje. Em muitos momentos da minha vida, nas famosas conversas pela rua, nos clubes da cidade, com as pessoas que conhecemos naquele momento, quando me apresentava, sempre vinha a ligação do meu nome, com o XV de Jaú: “cara, conheci seu pai”. “A voz do seu tio era inconfundível”. “Você é filho do Valdinho?”. “Seu tio é o Capitão”.
E assim começavam centenas de história sobre o XV e minha família. Muitas delas inéditas, mas a maioria, na sua grande maioria, momentos históricos da vida do XV.
Meu pai, ainda no Artur Simões, entrevistou o Sr. Zezinho Magalhães. Ele e meu tio tinham um ótimo relacionamento com o Waldemar Bauab e, todos eles, sempre se empenharam em fazer as coisas acontecer para o XV. Ligação direta até mesmo em organizar ações para que o XV pudesse se licenciar e, posteriormente, voltar aos gramados.
Meu pai e minha mãe tiveram um restaurante aqui na cidade. Eles sempre foram empreendedores enquanto jovens e sonhadores. O Valdo’s ficava na Lourenço Prado, bem em frente da Praça da Matriz. Ao lado do Hotel. Na rua de baixo, ficava o Bar e Restaurante do Zé. Eles foram sócios e em época de jogos do XV em Jaú, no bar do Zé almoçava Galo da Comarca e no Valdo’s os times que vinham pra Jaú. Era meio que tradição.
A minha ligação com o XV sempre foi embrionária, visceral, e algumas coisas na minha trajetória, não poderiam ser diferentes.
Jogador de futebol
Quem nessa vida, da galera nascida nos anos 80, não sonhou em vestir a camisa do Galo da Comarca? Poucos os que não sonharam com isso.
Eu tive o prazer de brincar muito nos gramados do Zezinho Magalhães e me arriscar em alguns meses nas categorias de base nos anos de 1995 e 1996. Tive o prazer e a honra de conhecer o Sr. Poy e já me ambientar com os bastidores do futebol Jauense.
Mas percebi que aquilo não era para mim, mas que em algum momento eu iria fazer parte da história do XV. Torcedor, sempre fui, mas sempre tive a sensação que seria com algo mais.
A vida traçou seus próprios caminhos, estudei, me formei, frequentei muito a arquibancada até que em um momento da minha vida fui chamado para ajudar o XV em uma fase difícil para ajudar na captação de recursos para manutenção do clube.
Alinhando minha jornada com o futebol
Veio meu primeiro trabalho com o XV na coleta de anunciantes para os muros do XV. De cara foi um sucesso e uma satisfação enorme. E não ganhei absolutamente NADA com isso. Literalmente.
Logo em seguida, já com a Savoia em ação, fizemos várias ações para ajudar o XV, desde planos de sócio torcedor e muita coisa errada aconteceu e o XV precisou da ajuda da população mais uma vez. Foi quando eu, Hermes, Magrão e Moraes resolvemos fazer o Galo Rock, junto com as bandas da cidade. Foi bem massa… e conseguimos garantir 1 mês da conta de energia do Galo. Vê se pode.
Com todas essas idas e vindas, rebaixamentos e má administrações, não tinha marketing que salvasse o clube e conhecemos a dura realidade de um clube desorganizado, que foi estar na Bzinha por longos e dolorosos anos.
O resto da história do XV e da minha agência como parceira, a maioria já conhece. Tivemos campanhas premiadas, recorde de público em jogos, superando séria A do futebol brasileiro, dentre tantas outras coisas legais fora de campo. Mas dentro de campo, a coisa teimava em ser dolorida
A chegada da Urbanize Mais, na figura do Fábio e do Baroninho nos trouxe um pouco de esperança, chegamos a uma semifinal contra o Desportivo Brasil, mas fomos roubados e eliminados… o que aconteceu depois, todo mundo sabe. Podridão de bastidores e golpes pela cidade.
O pessoal continuou sendo resiliente, disputou campeonato sem parceiro, sem sucesso, até a chegada da Head Soccer.
ABC - AVENIDA BEACH CLUB
🏖️ 4 quadras de Beach Tennis
🎾 Aulas & Aluguel de Quadras
🌞 Day Use aos Finais de SemanaAv. Isaltino do Amaral Carvalho, 260, Jaú
Muitas pessoas torceram o nariz e em determinado momento, estávamos ao lado do Galo de novo. O pessoal sempre chegou até nós, sempre dizendo: todo mundo fala que vocês precisam estar com a gente. E voltamos. Mesmo que a decisão, dessa vez, envolveu a parte comercial de uma agência de publicidade e um clube de futebol. Voltamos. E apanhamos bastante dentro e fora de campo.
Tivemos bons campeonatos, bons resultados de arquibancada e dentro de campo, mas sempre acontecia, dentro de campo, algo que desmoronasse todo o alicerce de fora de campo. Era impressionante e tínhamos que conviver constantemente com os boatos de que “o pessoal que está ali não quer subir”, que é uma das maiores bizarrices que ouvimos em todos esses anos.
Mas o nosso sonho sempre esteve vivo. E a gente tinha o desafio de estar junto no centenário do Clube.
Um ano antes do centenário, veio a primeira mudança de regulamento que instituiu a série A4. Como ainda estávamos na Bzinha, tínhamos que, pelo menos, ficar entre os 16 primeiro clubes para garantir acesso a A4. Não só ficamos, como fomos o primeiro colocado, mas depois, caímos duas fases depois. Poderiam vir 2 acessos no mesmo ano e disputar a série A3 no ano que completaríamos 100 anos. Mas não deu.
Veio a temporada 2024 e novo campeonato Paulista da serie A4. Ótima campanha, time encaixado, por mais que o técnico fosse teimoso, dentro de campo o time respondia. Campanha enorme na primeira fase e passando pelos mata-mata, chegamos a semifinal. Era só passar que estaríamos na série A3.
Mas quando se trata de XV, o “Só passar” vira um pesadelo. A vitória no primeiro jogo garantida em Americana, cometemos um pênalti no finalzinho e tomamos o empate. Sensação amarga, mesmo sabendo que ainda tinha o jogo de volta, no Jauzão.
Veio o jogo de volta, estádio lotado, mais de 10 mil pessoas no Zezinho Magalhães e a sensação de que o segundo acesso seguido viria para o centenário do XV. E aí… Rio Branco 2 x 0. XV eliminado e fora da A3 de 2025.
Aquela sensação de vazio de outros carnavais voltou. Aquele silêncio ensurdecedor dentro do coração, da alma, mas ainda com a sensação de que não era o fim. Já falei isso para muitas pessoas, de alguma forma eu sabia que seria possível, mesmo sabendo que não era.
Até que, na semana passada, fomos agraciados, poucos dias antes do centenário do clube, que o RedBull resolveu descontinuar seu time 2 e isso deu acesso ao XV de Jaú, terceiro colocado, para a série A3 de 2025.
De uma forma fora da convencional, subimos, doa a quem doer, dois acessos em dois anos.
Estamos na série A3 no ano do nosso centenário depois de mais de uma década na quinta divisão e nós fizemos parte diretamente nisso. Creio que todos os nossos pais que estão lá de cima assistindo, deram seu jeitinho de fazer isso acontecer, porque tem coisas do XV que ficam além do racional.
Essa é apenas uma história das centenas que temos sobre pessoas e o XV de Jaú para ilustrar o que representa esse clube na vida de milhares de pessoas.
Um clube centenário que está vivo e ressurgindo na resiliência.
Parabéns meu querido Esporte Clube XV de Novembro de Jaú. O nosso Galo da Comarca!
XV de Jaú 100 anos.
Paz, amor e empatia.