Cine Denadai

Cinema Etílico

Aprecie com moderação!

Pelo menos o álcool, cinema foi feito para ser apreciado ao máximo. Apesar de serem duas coisas que eu gosto muito de fazer, beber e assistir filmes não são costumes que consigo fazer ao mesmo tempo.

Ou bebo, ou vejo filme. E também só coloco um filme pra rolar caso eu não tenha bebido nada antes. Gosto de me dedicar ao máximo nas duas atividades!

Pois bem, vamos lá. Lembrando que meu primeiro texto que escrevi aqui para o Jauclick foi “Um Bom Ano” e que falava sobre os prazeres de se beber um bom vinho, principalmente quando se está muito bem acompanhado.

Mas nem só de bons momentos se vive o cinema que consome álcool e começamos então com uma bordoada etílica em um dos filmes mais importantes de todos os tempos ao tocar no assunto alcoolismo em um momento extremamente delicado nos Estados Unidos.

Pouco mais de 12 anos após o término da Lei Seca, era lançado nos cinemas americanos “Farrapo Humano”, filme que trata da situação de um alcoólatra que passa um final de semana na casa da irmã que tenta a todo custa manter o irmão longe das bebedeiras.

Não tenho números sobre os casos que escreverei a seguir, mas pelo tempo entre o fim da Lei Seca e o início da produção do filme, casos de alcoolismo poderiam estar pipocando por lá.

O filme não é uma crítica a Lei Seca e nem aos alcoólatras, mas mostra que devemos ter um olhar de atenção para as pessoas nessa situação e que que dependência química é uma doença muito séria e difícil de ser compreendida e tratada. Venceu 4 Oscar, incluindo melhor filme e é dirigido pelo excepcional Billy Wilder!

A nota de curiosidade, a doença causada pela abstinência do álcool é chamada de Delirum Tremes, e também dá nome para uma maravilhosa cerveja belga. A famosa cerveja do Elefante Cor de Rosa.

Oscilando entre o moralismo e o elogio ao alcoolismo (tirem suas conclusões ao ver o filme) “Druk – Mais Uma Rodada” é um filme dinamarquês do sempre polêmico e competente Thomas Vinterberg (preciso fazer um texto sobre o cinema dinamarquês urgentemente), que mostra professores em crise da meia idade que se unem para testar uma teoria que diz que se alguém consumir diariamente um tanto de álcool, ele conseguirá viver de forma mais segura e libertária, e isso seria um alívio para suas vidas monótonas em casa e no ambiente de trabalho.

Seria uma releitura do bom e velho “Carpe Diem”. Mas é óbvio que o que era para ser um tantinho por dia, acaba virando um tantão e aí que entra a dualidade entre o que escrevi no início, já que, se de um lado essa bebedeira atrapalha o dia a dia dos nossos professores, por outro, eles acabam sendo caras mais legais e felizes.

O filme também oscila entre uma divertida comédia e um pesado drama sobre amadurecimento e tédio profissional que vale a pena ser visto e refletido.

Apesar de não gostar muito de whisky, segue aí a dica de um filme que exalta essa bebida. “A Parte dos Anjos” faz referência a uma máxima escocesa de que quando se abre um barril de whisky uma pequena parte evapora e esse tantinho vai direto para os anjos. Nada mais do que nossa tradição de jogar um teco de bebida no chão e oferecer para os santos.

Ou seja, muda a bebida, mas as tradições populares continuam ali e acabam inspirando outras.

Óbvio que eu não sei qual surgiu primeiro ou se uma tem a ver com a outra, mas são parecidas.

O filme trata de redenção, e na vida de um rapaz que consegue escapar de uma condenação e, após o nascimento do seu filho, percebe que deve tomar um novo rumo na vida. Sua sentença foi transformada em serviços comunitários e é em um desses que ele percebe que tem o dom na degustação de whisky.

Desconhecido do grande público é um filme simples e engraçado e que também merece muito ser visto!

Provavelmente a bebida que mais embebedou roteiros mundo a fora foi o vinho. Essa bebida apreciada por muitos, mas que me sobe a pressão, fazendo com que eu a evite ao máximo. Sendo assim, minhas duas últimas dicas serão sobre essa bebida.

Falo agora de “Sideways – Entre Umas e Outras” um road movie, um tipo de filme em que os protagonistas pegam a estrada, geralmente sum rumo e é por ali que o desenrolar das coisas acontecem. Nesse caso, a estrada sem rumo são vinícolas na Califórnia onde os amigos Miles e Jack vão para curtir a despedida de solteiro do segundo.

Miles é um professor primário que ainda não superou o fim de seu casamento e virou um especialista em vinhos para disfarçar um possível alcoolismo. Já Jack quer curtir seus últimos dias de solteiro se embebedando e conhecendo mulheres e de fato eles as conhecem, mas o passado de Miles e o futuro de Jack acabam trazendo situações dignas das piores ressacas com os piores vinhos.

Suas frustrações e amarguras são descontadas em taças e mais taças de vinhos, mostrando que, ao contrário dos vinhos, nem sempre ficamos melhor com o passar do tempo. Outra importante lição do filme é que ao exagerar no vinho, ou em qualquer outra bebida, nunca pegue um telefone para falar com a ou o ex!

Na mesma pegada de road movie por vinícolas, mas agora na França “Saint Amour: Na Rota do Vinho” traz um pai com seu filho e o motorista de táxi que os leva por esse caminho, numa jornada de reconciliação, já que o pai e o filho não estão lá nos seus melhores dias.

Cada um com seus segredos e particularidades, assim como um bom vinho, os três vão aprendendo a conviver juntos e estreitando seus laços de amizade. O ponto alto do filme é o filho que se chama Bruno e é vivido pelo engraçadíssimo Benoît Poelvoorde.

Ele tem uma tese sobre os 10 estágios da embriagues, que formulou no árduo caminho dos seus mais de 2500 porres. Os estágios são: Relaxamento, Liberação, Verdade, Entorpecimento, Violência ou Amor em excesso, Patético, Fome, Busca frenética por sexo, sono pesado e repentino e o pior de todos, a vergonha.

O cara é um profundo entendedor no assunto vinho e embriagues, mas não tem o mínimo jeito com as mulheres rendendo cenas muito engraçadas.

De se lamentar, apenas o final, que não condiz nada com o filme e muito menos com a personalidades de nossos três protagonistas. Parecendo até uma bela ressaca numa manhã de domingo. Mesmo assim, vale muito a pena ser visto.

Minha bebida preferida é a cerveja, existem dois filmes que me vem na cabeça que focam bastante nela. “Um Brinde à Amizade” eu já assisti, mas confesso que não lembro de nada do filme, assim como uma manhã após uma grande bebedeira. Outro filme é o “Operação Cerveja”, ainda não assisti esse, mas está na minha lista na AppleTv. Mas ainda vou ver.

Só para registrar, a partir desse texto quero dedicar tudo o que escrevo aqui no Jauclick para meu amigo Robson. Um cara que se tornou meu amigo nessas minhas andanças lá na Shock Video.

Locadora tem esse poder de fazer amigos. E o Robson foi um deles. Tínhamos em comum a paixão pelo cinema e pelo Palmeiras e isso sempre rendeu bons papos e muito aprendizado, muitas vezes tomando uma cerveja. Robson era leitor dos meus textos e me incentivava com sugestões para novas resenhas, mas hoje está assistindo seus filmes preferidos em um cinema em lugar muito especial. Tenho certeza disso. Caro amigo Robson, valeu por tudo!

Onde assistir as indicações:

  • Sideways: Star+, Shock Video Café e minha coleção particular
  • Druk: Globoplay, Shock Video Café e minha coleção particular
  • Farrapo Humano: Shock Video Café e minha coleção particular
  • A Parte dos Anjos: Shock Video Café
  • Saint Amour: Minha coleção particular

Boa sessão e beba com moderação!

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André Denadai

André é jauense, xvano, palmeirense e apaixonado por cinema e ele escreve periodicamente para o Jauclick.

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