Faz poucos dias que assisti esse filme e sempre que vejo algo que eu goste muito, já vou pensando em algum tema para inserir a obra.
E após assistir “A Sociedade da Neve” não foi diferente. Nós minutos após o término do filme eu tentava me recompor do que acabava de assistir e quando iria escrever sobre esse filme. A solução até que foi simples e resolvi fazer um texto somente para ele. E é justo! Mesmo sendo um filme da Netflix que nem precisaria de um indicação através de um texto de várias linhas.
O boca a boca já faz isso e algumas páginas “especializadas” em filmes (escrevi “especializadas” assim, pois geralmente essas páginas falam de séries), irão recomendar “A Sociedade da Neve” por um bom tempo.
Dito isso, gostaria de dar meu parecer sobre esse filme e começar com um tosco trocadilho, mas o filme é uma avalanche de emoção, comoção, tristeza, lágrimas e tantas outras coisas que nos deixam vidrados na tela da tv (lamentável que, por ser tratar de streaming, muita gente irá ver esse filme na tela de um celular).
E o filme começa com um questionamento que cai muito bem. O ocorrido teria sido uma tragédia ou um milagre? Com todo respeito ao milagre dos sobreviventes, mas irei considerar uma tragédia.
A história é conhecida e conta sobre sobreviventes de um acidente aéreo com um time uruguaio de rugby na gelada Cordilheira dos Andes chilena.
Um lugar de acesso beirando o impossível, com muita neve e frio e com questões de comunicação precárias, já que o ocorrido é de 1972, ou seja, seria inimaginável contarmos com sobreviventes nessa situação. Mas houve. E foram 14. Pós acidente eram em 27, mas a situação em que se encontravam foi demais para esses outros que não resistiram.
Além de ser uma história conhecida pelo heroísmo dessas pessoas, já existem outros filmes que retrataram o ocorrido. Além de alguns documentários, há uma versão mexicana de 1976 chamada “Os Sobreviventes dos Andes”, que provavelmente não tinha sido muito exibida por aqui e uma produção americana de 1993 com Ethan Hawke chamada “Vivos”, essa sim, passou muito por aqui.
Confesso que já assisti, mas pode ser que nem tenha visto o filme por completo, não sei por que, pois deveria ter assistido.
Apesar de ser uma história em que não há novidades, “A Sociedade da Neve” tem seus méritos técnicos.
Os quase 30 anos de diferença com “Vivos” nos trouxe uma produção requintada e com méritos técnicos absurdos. Outras duas coisas eu considerei extremamente positivas no filme. A primeira é que estamos assistindo atores e atrizes desconhecidos, fazendo com que não nos identifiquemos com eles, pelo menos para mim.
O que eu quero dizer é que pelo menos para mim, não me identificar com nenhum personagem, acabou aliviando um pouco nas questões emocionais, eu entrei muito na vibe do filme e ele tem seus personagens principais, mas ao passo que eles acabam não resistindo a situação, o que os identificavam para mim eram seus nomes e não seus rostos.
Um detalhe muito interessante nisso, foi a sacada do diretor de colocar na tela o nome e a idade dos que não sobreviveram a tragédia.
Ao ler os nomes, você sabia que já tinha ouvido, mas nem sempre trazia o rosto deles em sua memória (pelo menos na minha péssima memória para rostos). Ao mesmo tempo, ao vermos nomes e idades na tela, era tudo um pouco mais angustiante, pois eram todos muito jovens.
Outra coisa que gostei muito e do narrador, não entrarei em muitos detalhes, mas o personagem que narra os acontecimentos que estamos vendo, me lembrou muito de um filme que eu adoro e que já indiquei por aqui, ele está no meu texto sobre filmes de guerra. O filme, na verdade é uma animação japonesa chama “Túmulo dos Vagalumes”.
Falei rapidamente sobre a boa sacada do diretor um pouco acima, e trata-se de uma cara que não é marinheiro de primeira viagem em filmes de tragédia. O diretor espanhol J.A. Bayona realizou com idêntica maestria o filme “O Impossível”, que relata os ocorridos do gigante tsunami ocorrido no Oceano Pacífico no final de 2004 e começo de 2005. A palavra que resumiria esses dois filmes seria “realismo”!!! Tudo é retratado de maneira que parece que estamos vendo o que ocorreu, mesmo que não tenhamos vivenciado nada nem um pouco parecido.
Bem, existem muitos detalhes e situações bem conhecidas desse caso que nem vou citar aqui, um deles é o que podemos considerar o limite do instinto de sobrevivência do ser humano. Confesso que na situação deles, eu faria o mesmo!
Como já escrito, o filme encontra-se unicamente na Netflix (o que é uma pena).
Boa sessão e preparem os lencinhos de papel!