O mundo perdeu em 23 de maio de 2025 o fotógrafo social e ativista ambiental Sebastião Salgado. E uma figura icônica como essa tem uma obra documental sobre sua trajetória. “O Sal da Terra” é uma produção francesa, dirigida pelo alemão Wim Wenders (“Asas do Desejo”, “Paris, Texas” e “Dias Perfeitos”) que retrata vida e obras de um dos maiores brasileiros de todos os tempos! Salgado conseguiu mostrar através de suas fotos em preto o branco momentos tristes de uma humanidade que ele mesmo não parecia ter muita fé, inclusive chamando-a de “animais terríveis”.
A obra mostra o local de nascimento do fotógrafo em uma fazendo no interior de Minas Gerais, seus estudos em São Paulo e sua ida para a França nos tempos da ditadura militar. Por lá, já com sua esposa, se mostrou um economista de futuro brilhante, mas meio que sem querer, acabou tendo uma máquina fotográfica em mãos e tudo mudou.
O documentário não perde tempo em mostrar o inicio de Sebastião como fotógrafo de casamentos, fotografias esportivas ou de nu. E já vai direto para o que o consagrou, as fotos do cotidiano de pessoas por diversos cantos do mundo em situações diferentes.
O filme foca nos projetos fotográficos que ele produziu ao longo de sua carreira. Da paz dos povos andinos, aos brasileiros do sertão nordestino, ao caos das áreas petrolíferas do Kuwait e as tragédias sociais, políticas e sanitárias de diversos países africanos somos impactados de maneiras diferentes ao que estamos vendo. Se para nós de vermos é um fardo emocional, imagina para ele que viver, conviveu e conheceu muitas das pessoas ali registradas.
Para mim, o projeto mais impactante, com certeza é “Exodus”. Ali, Sebastião Salgado, mostra a migração de cidadãos de Ruanda após a guerra civil que se instaura por lá. Essa guerra também já foi retratada no cinema no filme “Hotel Ruanda”, que já citei em um texto sobre guerras. Nesse projeto é captada a banalização da morte. Durante a projeção do filme, Sebastião Salgado vai narrando o que acontecia na foto, nos deixando mais incrédulos ao que o ser humano se tornou.
Para aliviar um pouco o fardo desses projetos, Sebastião Salgado passar a fotografar coisa mais leves, como animais em Galápagos e tribos indígenas no Brasil. Inclusive, três cores se destacam no documentário. Além do preto e branco de suas fotos, registrando muitas vezes tragédias humanitárias, o verde de vivas florestas se destacam, acentuando a mudança de foco nos projetos de Salgado.
Suas contribuições ao meio ambiente são de extrema importância também. Nas terras áridas de sua família, Sebastião Salgado plantou mais de 2 milhões de árvores típicas da Mata Atlântica, reestabelecendo o bioma pelo menos por ali. A foto abaixo é bem conhecida e é mais do que didática. E hoje a área é um parque nacional com foco em sua preservação.
O filme é dirigido por um fã e admirador de Sebastião Salgado. Wim Wenders é consagrado, mas da gosto de ver como ele presta atenção em Sebastião quando o fotógrafo narra o encontro com uma baleia da Patagônia Argentina. O primeiro contato de Wim com a obra de Sebastião é através de uma foto maravilhosa de uma garota cega e de sus fotos na Serra Pelada.
Já tinha visto esse “O Sal da Terra”, mas fiz questão de rever após a morte de Sebastião Salgado. Esse documentário é a cereja do bolo dessa minha fase onde ando vendo muita coisa do gênero.
“O Sal da Terra” está entre os melhores filmes que vi até hoje!
Disponível em: Reserva Imovision e GloboPlay.