TODO CARNAVAL TEM SEU FIM? Devaneios de carnavais passados e quase presentes…

Devaneios de carnavais passados e quase presentes..

Eu gostava de Carnaval.  Ou acho que gostava.

Nos meus quase 46 anos, passei algumas fases carnavalescas da cidade. Morei por 20 anos (1979-2000) na Rua Santonio nº 87, um quarteirão atrás do Forum, esquina com a Rua das Palmeiras. Um quarteirão para baixo do Hospital Amaral Carvalho que nem de perto é esta monstruosidade e referência. Quem diria que após 20 anos que mudei da Vila Assis frequentaria tanto lá por conta do tratamento..

Nos anos 80, partia a pé mesmo para o centro da cidade, na esquina do Bar do Vinicio nos desfiles dos blocos. Eu confesso que não ficava muito assistindo o desfile, o que pegava era mesmo a guerra de Bisnaga (compradas na Renascença) e os mais velhos faziam guerra de bexiga que doía barbaridade. Mas era uma curtição, o quarteirão da Edgard-Amaral-Major-Campos Salles virava um furdunço.

No final dos anos 80, o barulho para mim era nos Bailes do Caiçara Clube. Ao invés das pessoas da minha geração e da nossa convivência viajarem, elas ficavam ou vinham para Jaú para curtir os bailes dos clubes. Os Pré-Carnavais rolavam no Jahu Clube e as quatro noites e duas matinês eram no Caiçara Clube. Eram os quatro dias lotados, o domingo menos até,  mas os outros dias… Ai acabava o baile, ficávamos na portaria velha tentando uma carona para tomar canja no Restaurante Gaúcho.

Ai o tempo foi passando e as pessoas pararam de frequentar os clubes, os desfiles do centro acabaram e foram para Dr. Quinzinho. Essa galera que curtia  o centro e os bailes dos clubes que eu convivia partiam para o litoral, ranchos entre outros. O carnaval por si só, a folia de Momo mesmo, não me apetecia mais.

No começo do ano 2.000 ou me situando melhor, ou a partir de 2.002 quando começamos no General e em 2.005 no Santo, os bares praticamente não abriam. Muito de vez em quando. Era a folga do guerreiro.. Caía na pinga com os amigos. Até que em 2.009..

Em janeiro de 2.009 André Galvão assumiu a Secretaria de Cultura, me chamou para o Diretor Administrativo da sua equipe. A equipe era excelente: Tinha Betinho, Carol Panini, Dalbó, Silvia, Fabio Lopes, Marisa, Nilson Rosa, Guilherme Valente, Rafael Maia, Arturzinho Alexandre Buccini,  etc..

No primeiro dia de trabalho, já tivemos que bolar o Carnaval que seria no começo de fevereiro. Em tempo recorde fizemos uma exposição no Centro Cultural,  bailes no Aero, Clube Real Potunduva, Pouso Alegre,  Feijoada do Samba no Caiçara,  Baile de Máscara no Jahu Clube Centro e o Desfile de Blocos e Escolas no Centro Histórico de Jahu. O bicho pegou mas foi muito bom.  Em 2.010 repetimos a dose. Em 2.011 já não fazia mais parte da Cultura.

Confesso que por fazer parte do Administrativo da Cultura, onde fazia os contratos e estava sempre nas Finanças foi uma parte muito estressante. Os blocos e escolas ficavam em cima, por razões óbvias. O desfile mexe com estruturas, muitas pessoas, encargos, fantasias etc. Então, a turma ficava em cima ehehe.

Ai ultimamente,  trabalhei nos Carnavais do Bar do Jahu Clube com o Gambarini e Fredão.

Mas acho que o stress da época da Cultura me fez perceber que nunca morri de amores pelo Carnaval. Quando moleque, adolescente e até uns 20 anos por ai curtia o agito,  mas acho que o feriado em si era mais importante para mim do que o próprio Carnaval.

Mesmo assim, não amando o Carnaval, que é um detalhe de puro gosto,  o  Carnaval é uma das maiores  manifestações culturais do Brasil.

E movimenta o turismo cultural de uma cidade, gerando renda,  emprego,  movimenta bares, hotéis, restaurantes, ambulantes informais da cidade. Os desfiles de escola de samba movimenta um leque enorme de segmentos de uma cidade, de comunidades, de milhares de pessoas.

Aqui em São Paulo, cidades como  Brotas, Torrinha, Santana do Parnaíba. Votuporanga, Taquaritinga, Ilha Solteira, São Luiz de Paraitinga o Carnaval é uma das principais fontes de renda das respectivas cidades.

Toda cidade com vocação para o Carnaval, o Poder Público tem que realizar o evento.  E Jaú historicamente tem, por mais de 150 anos.

Me  incomoda demais o preconceito que o Carnaval provoca em certas pessoas. Você citar o Carnaval pejorativamente, ou falar  “o dinheiro do carnaval tem que ir para a saúde ou educação” é de uma falta de conhecimento e de um preconceito não só com o Carnaval mas com o própria Cultura. O orçamento de uma Administração Pública tem dotação para educação, saúde, esporte, cultura, infra-estrutura. Cada qual no seu quadrado.

E no final das contas, todo Carnaval tem seu fim!

Seja para curtir o feriado,  para os amantes da folia do Momo e  para os profissionais culturais do Carnaval.

Abaixo umas fotos de carnavais das antigas da minha família retiradas do meu arquivo pessoal e de alguns Carnavais que participei na Prefeitura.

Esta primeira é do meu Avô Isaltino Amaral Carvalho junto com Edgard Galvão,  avô do André que citou no texto como Secretário de Cultura nos carnavais de 2.009 e 2.010

Algumas fotos dos desfiles do carnaval de 2.009 e 2.010

 

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Wilson Moraes

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