Fala Fer!

Depois do cansaço, a esperança

Fernanda fecha seu ano no Jauclick com uma mensagem de esperança

Por favor, não me diga que sou só eu que estou cansada. Partindo da minha suposição de que você também está (ufa, obrigada), te digo que se servir de consolo, não somos só eu e você. Todos estão cansados e sentindo a passagem do tempo de uma forma diferente.

Mas afinal, por que estamos tão exaustos? Um cansaço físico, mental, emocional, como se corrêssemos a São Silvestre e não chegássemos nunca ao final. E por que sentimos que temos cada vez menos tempo? Estamos sempre ocupados, faltam horas no dia para fazer tudo o que gostaríamos e precisamos, trabalho, estudos, família, lazer…. nem entramos direito em 2021 (que ano, hein) e já estamos de novo prontos para comemorar o réveillon.

Muitos filósofos e cientistas já tentaram explicar a passagem do tempo. E 1897, o filósofo francês Paul Janet disse que há uma explicação matemática para sentirmos que o tempo fica mais rápido conforme envelhecemos. A lógica era muito simples: cada ano de nossas vidas representa um pedaço menor do todo. Se um ano representa 20% da nossa existência aos 5 anos, essa proporção cai para 2% quando chegamos aos 50. Cada ciclo de 12 meses se torna mais curto se comparado com o todo. Parece lógico, mas o ser humano não é tão exato assim. Nossa memória não cataloga o que vivemos de acordo com o tempo que cada acontecimento ocupou diante do todo, mas de acordo com a importância do que vivemos. Por isso, a rotina e as experiências contribuem para deixar a passagem do tempo mais pesada e desgastante ou mais leve e rápida

Aí entra também a nossa consciência coletiva que representa conjunto de crenças, sentimentos, características e conhecimentos comuns que levam as pessoas a pensarem e agirem de maneira semelhante. A crença de que o tempo é algo limitado cansa nossa mente e nosso corpo. Nos desconecta do que é natural e orgânico, nos deixa ansiosos e faz com que ignoremos nossos limites.

Mas ressignificar tudo isso, é preciso parar e questionar. É preciso estar presente para identificar o que nos traz prazer e paz. Conversando com uma colega de trabalho, comentamos que até mesmo o sentimento da época das festas de fim de ano está diferente. Para maioria das pessoas, essa é uma época de renovação da esperança e que traz um sentimento bom. Mas não é difícil encontrar quem se sinta desanimado neste ano. As tão aguardadas confraternizações tiveram menos adesão, assim como os divertidos amigos secretos, sem contar com a perda do poder aquisitivo da população. Sem dúvida este foi um fim de ano mais magro e com menos presentes. Mas se tem uma coisa que não muda e, talvez, esteja ainda mais forte, é a esperança de um novo recomeço.

E ter um 2022 melhor é mais simples do que parece. Tudo começa quando a gente olha dentro. Como você quer entrar em 2022? Com alívio e esperança, ou com peso e carga do que não foi atingido? Observe a si mesmo, cuide da sua saúde mental e física, tenha responsabilidade afetiva (com os outros e com você) nos seus relacionamentos, aprenda a lidar com as frustrações. Sei que falar é mais fácil do que fazer, mas tentar já é meio caminho andado.

Seja livre para assumir o que te faz bem. Vá busca do que te traz paz e alegria. Reconheça sua evolução e tudo que te fortaleceu. Mesmo que não esteja onde desejava um ano atrás, reconheça e se orgulhe de onde está. Não se culpe se precisar realinhar a rota, fazer escolhas com as ferramentas que você tem no momento é o máximo que pode ser feito. E reconheça também a evolução do outro, afinal gente também evolui através das trocas e partilhas.

Uma certeza que tive nos últimos 12 meses é a de que tendo fé em Deus, tudo se acerta.

À meia noite do dia 31 de dezembro pro dia 1º de janeiro vou fazer o que mais tenho feito: agradecer a Deus! Por todas as coisas boas e ruins, por todos os propósitos que a vida traz, mesmo que não os reconheçamos. Mas com fé de que “o Sol de um novo dia vai brilhar, e a luz vai refletir na nossa estrada”, como já dizia Diogo Nogueira, na canção “Fé em Deus”.

E depois de um ano que nos fez tão fortes, para 2022 o meu desejo é um só para todo mundo: felicidade.

Para encerrar, deixo aqui o poema “Receita de Ano Novo” do Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.”

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Fernanda Ubaid

Fernanda Ubaid é jauense. Jornalista e apresentadora, escreve periodicamente para o Jauclick

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