Quinta estava entregando minhas bebidas no Jimi´s e quem encontro – o Grande Barbosa.
Ele é uma das grandes figuras. Ele com uma máscara pequena na boca. Sem a máscara, já é doído ouvir ele falar, com ela então… Mas a verdade que o Barbosa é um dos grandes músicos que eu já ouvi tocar na minha vida. É uma monstruosidade.
Conheci ele lá por 2.009-2.010 quando trabalhávamos na Secretaria de Cultura. Certa manhã. o Senac nos ligou na Cultura precisando de um músico para tocar em café que aconteceria a tarde. Fabio Lopes era da equipe e grande amigo do Barbosa, foi busca-lo em Dois Corregos. Ele estava bem parado, sem tocar.. Trouxe ele e a tarde Fabio volta dizendo que a apresentação do cara foi apoteótica. O cache era baixo mas o que ele ganhou de caixinha foi o triplo.
Ai depois desse dia, ele frequentava direto a Secretaria de Cultura.
A primeira vez que vi ele tocar foi em uma Jam no Woodstock. Mas eu vi de acordo mesmo foi em uma mesa do Villa Jahu depois do show do Pena Branca no final de 2.010. Ai sim eu vi a monstruosidade do cara. Tudo o que eu pedia ele puxava. Barbosa toca Beatles e ele mandava um instrumental do Here, There And Everywhere. Barbosa toca um Pena Branca, ele puxava um Cuitelinho. Eu não acreditava. Foi esquisito. Muita grandiosidade.
Lembro que nesta época, o Betinho levou algumas vezes o Barbosa no Santo para fazer junto com o Balacobaco. E no trampo no Villa Jahu Clube, ele se apresentava com a Baxa, Bia Coletti e a Geisa Pinto de Dois Córregos
E no dia 26 de fevereiro, o Sesc Piracicaba lançou um Mini-Doc de dez minutos contando da trajetória do Barbosa e ele executando no piano seus sons autorais. Ele fez carreira em Rio Claro e Piracicaba e assistindo a web-serie do Sesc uma trajetória que conta com apresentação de peso da MPB.
Não darei spoiler. Acompanhe no link. E vou dizer pra você, nem precisou de tecla sap pra entender o que ele fala. Barbosinha caprichou no linguajar para a série. “Uma onda”
“Passagens” é uma série musical de entrevistas realizada pelo Sesc Piracicaba sobre a trajetória de músicos conterrâneos ou ligados a cena instrumental através do olhar documental da produção audiovisual apontando os caminhos da música do interior paulista.
Passagens – Antonio Barboza – episódio 21
Depoimentos sobre o Barbosa:
Meu último post do blog antigo em 2.013 foi exatamente sobre o Barbosa. Ele ia realizar uma apresentação no Elza Munerato e para a matéria peguei alguns depoimentos de artistas da cidade para falar sobre ele. Abaixo uma compilação dos depoimentos daquela matéria.
Lembrando, as falas foram escritas no ano de 2.013.
André Galvão
Antonio Barboza é uma virtuose da música brasileira que o destino colocou na cidade de Jahu.
Como aqueles malditos do jazz, circulou pela boemia carioca, paulistana, londrinense sempre bem acompanhado: Alaíde Costa, Johnny Alf, Guilherme Vergueiro, Amado Maita e toda uma nata de feras que habitaram o eixo Rio/SP tocando a MPB com toque do jazz e uma bossa.
Trouxe o músico para tocar na Pizzaria Fornalha todas as sexta e sábados, pois infelizmente o espaço para música de qualidade é restrito não só em Jahu como no Brasil.
Andréia Santos
Tem muitos fatos marcantes com o Barbosa, o mais marcante foi no show do Hermeto Paschoal em Jaú. Durante o show, o mestre mencionava o nome do Barbosa o tempo todo e num determinado momento de suas inumeras improvisações , ele fez uma interação com a platéia na qual mencionava o nome do Barbosa(conhecidos de longa data..)
Achei uma justa homenagem a esse grande Músico!!!
Bia Coletti
Sou fã desse figura, a primeira pessoa que me falou desse ébano maravilhoso, foi o Carlão. Na época eu tava começando a fazer baile e nunca cruzava com ele, até que um dia assistindo um show na Estação do Som, da Daniela Ressinette, um show delicioso em que ela cantava uns sambas lindos, saímos de lá e caímos no Calzone, quem estava por lá, aê, Barbosíssimo…rs
Foi massa, ele tava tocando com o Fábio Lopes, cantei umas musiquinhas toda nervosa e conversamos um pouquinho, depois não encontrei mais ele. Sempre ouvia falar dele tocando com a Baixa por ae, eu tava sempre viajando, e nunca podia ir, quando parei com a noite e trampando aqui na loja, ele começou a vir aqui, ficamos amigos, ele me convidou pra dar uma canjinha num sábado na praça, eu com a voz toda esfolada, fui mesmo assim. Pra mim esse dia foi uma realização pessoal, é muito gostoso cantarolar com esse músico incrível, o que você pede pra ele, mesmo ele não conhecendo, ele toca, é uma honra ter ele como amigo, aprender todo dia um pouquinho da vida e dessa maravilha que é a música, ele é um mestre.
Carlão Francisquinni
Quem o me apresentou foi o Tido do Memphis, ali na ponte da Major, lembro que ele estava preocupado com os vãos existentes na calçada, que dava pra ver o rio passando lá em baixo rsss, e tive a prazer de tocar com ele pela primeira vez lá em Dois Córregos, o que me deixou ainda mais fã dele, não só pela pessoa extremamente educada e divertida, como também pela sua genialidade e competência musical. Barbosa, um grande músico e uma grande alma também.
Edinho Calciolari
Acho interessante relatar o que vivenciei com ele a umas semanas atrás no Vila. O Lady tocava no Vila, quando no final de nossa apresentação, já todos saindo dos seus instrumentos, pinta o Barbosa e pede para o Juninho tocar no seu piano ( nem sei se pediu ou já sentou e saiu tocando…rs).
Faltaram teclas, pois o piano ficou pequeno, além de sua genialidade o que me chamou atenção foi o som que ele estava tirando, não reconheci de imediato, só a melodia era um pouco familiar.
Quando ele terminou, fui falar sobre o som que ele havia tocado e p minha surpresa ele emendou: É Scorpions ( still loving you) ), então além do grande músico talentoso, ele se preocupou com o estilo de música que estávamos tocando e para não “destoar” tocou um clássico desta banda. E para meu delírio ele emendou ” Só sei essa …” ahahahahahahah
Fabio Lopes
Alguns meses atrás fui com o Barbosa no Gulana bar. Era uma segunda feira. Sempre as segundas o proprietário do bar coloca música raiz para seus clientes.
Pois bem, estávamos ali, eu e Barbosa, conversando e ouvindo as belas modas de viola.
Eis que somos convidados para dar uma canja. Eu vou no contrabaixo, toco algumas músicas e volto a mesa. Barbosa vai até os músicos e pega o violão.
Para a surpresa de todos ele toca um arranjo maravilhoso, muito provavelmente feito na hora. Chico Mineiro, pois é, a velha e super conhecida moda.
Todos nós ficamos boquiabertos e perplexos diante de tamanha versatilidade e genialidade do grande Barbosa. Para ele, não existem fronteiras na música.
Fernando Lazzari
Conheci o Barbosa em 1986. Foi ele quem me ensinou os primeiros acordes no violão, numa escola de música chamada “Studium”. Ficava fascinado vendo aquelas mãos ágeis e ao mesmo tempo precisas, montando acordes difíceis e harmonias complexas.
Seu jeito peculiar de cantar e sua bela voz casavam muito bem com todo o som que saia de dentro do violão! Para mim foi um ano muito especial por ter estudado com um artista tão talentoso e acima de tudo uma pessoa maravilhosa! Tenho certeza de que o show de sábado será histórico! Imperdível.
Guilherme Gambarini
Conheço ele através do André Galvão, que na época era Secretário de Cultura aqui em Jau.
Barbosa toca no Villa Jahu desde aquela época, faz solos e acompanha outros músicos na noite do bar. Tanto no teclado, contra baixo, violão ou guitarra, não faltam elogios entre nós, donos, funcionários e clientes. É realmente um monstro no que faz.
Me lembro de um fato lá no Villa, em que um amigo meu, guitarrista e também musico renomado, que tocou com ícones, com, Peninha, Gilberto Gil, Jessé, Belchior, Guilherme Arantes, Aguinaldo Rayol, Alaíde Costa, Lula Barbosa, entre outros, me falou?
Guilherme vc sabe o tamanho do talento desse homem? Eu, dentro das minhas limitações respondi. Imagino. Meu amigo rebateu, Vi poucos iguais ao Barbosa, para mim foi uma surpresa, é um monstro!!!
Paulo Dadamus
O Barbosa tem um significado muito importante na minha vida e na minha história musical viajamos e tocamos muito, juntos. Penso que vou levar a vida toda pra entender a sua musicalidade e agradeço muito a Deus por te-lo conhecido.
São inúmeros os casos até engraçados com o Barbosa. Fomos juntos comprar uma calça em uma loja e a balconista não estava entendendo nada que ele falava disse a ela para ter calma que ele era jamaicano e eu o tradutor, que ela falasse comigo que eu traduzia para ela. A moça está sem entender nada até hoje.
Paulo Pin
Há muito tempo atrás, o Matahare ensaiava na baixada do Galvão, e sempre passava esse cara e parava na janela e no intervalo das músicas comentava uma coisa ou outra sobre o som dos então novatos músicos. E eu não sabia quem era o figura.
Eis que uma noite, no Zero Grau, vejo o cara tocando e entendi que ele era um fera da música, tocava muito, e que, pelo altíssimo nível musical que ele pertencia, era bastante generoso nos comentários que tecia sobre molecada que estava começando a tocar.
BARBOSA É FERA, BICHO!
Paulo Zen
Nos anos 80 fui tocar no casamento de um amigo em Dois Corregos-SP. Como o casamento era em um Clube, ao ar livre, levei minha clarineta e o noivo falou pra eu ficar tranqüilo que lá haveria um músico para me acompanhar.
Foi assim que conheci o Barbosa. Tocamos várias músicas no casamento, tudo “de prima”, inclusive clássicos como “Ária da quarta corda de Bach” e Sinfonia da Cantata” e por aí vai.
Em outra passagem, estávamos em São Paulo para a gravação de uma música que ganhara um boa colocação em um Festival promovida pela Secretaria de Cultura de São Paulo. Lá estava eu com minha flauta e não tinha nem idéia do que eu iria tocar.
Eis que surge quem? Barbosa (Ele simplesmente aparecia).
– Zen, o que você vai fazer na introdução da música?
– Sei lá, Barbosa. To pensando ainda.
– Peraí… Daí a pouco chega o Barbosa com o arranjo pronto, escrito por ele.
Toquei como ele escreveu, sem por nem tirar. Ficou ótimo! Ele é o cara!
Thiago Gonçalves
Uma das vezes que mais fiquei impressionado com o Barbosa foi quando acompanhamos um cantor e ele foi ao piano. Em um dos ensaios para o Show, fomos ensaiar na estação mas o piano estava desafinado e o teclado sem fonte de alimentação.
Nesse dia ele resolveu ensaiar no violão e foi aí que eu fiquei pasmo quando ele fez todos os arranjos do piano no violão, de maneira fácil e natural, pois certas montagens de acordes são bem mais complexas no violão. Sensacional!