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Till – Em busca de Justiça: Um filme Obrigatório

Till - Em Busca de Justiça': Filme impactante sobre racismo nos anos 50, uma busca por igualdade. Boa leitura.

Depois de vários textos com indicações de filmes com gêneros e temas variados, volto a falar de uma única obra. O filme de hoje fala sobre racismo e já fiz um texto listando indicações sore o que ver relacionado sobre o tema. Vocês podem conferir no texto FOGO NOS RACISTAS.

Ao falar unicamente de um filme, acabo relatando mais coisas do que ocorre durante a obra. Sendo assim, quem não é muito fã de saber o que acontece no filme, fecha o texto, assista a indicação e depois volte aqui. Mas assim, não há nada de tão revelador numa história real ocorrida contra um negro na década de 50 nos EUA. Pode ler tranquilamente também o texto antes de ver o filme.

O filme é extremamente tocante e emocionante, e assim como no documentário “Four Little Girls”, indicado no texto citado acima, para um racista, o importante é de cumprir suas idiotices independente da idade, bastando que a pessoas seja negra. “Till – Em Busca de Justiça” mostra uma pequena diferença que havia entre o sul e o norte dos Estados Unidos. O sul racista e que fazia questão de não haver interação entre brancos e negros e um norte, que apesar dessa segregação ser menos vista e sentida, também existia.

Tanto que, vivendo em Chicago (norte dos EUS) Maime e seu filho Bo tem uma vida pacata e sem maiores dificuldades, graças ao bom emprego da mãe, algo que seria impossível no sul. E é para o sul que Bo irá passa suas férias de verão com seus primos e tios. Bo é um garoto de 14 anos que, apesar de ser devidamente orientado pela sua mãe sobre os perigos de ser no estado do Mississipi, acaba, inocentemente, elogiando uma garota branca em uma mercearia local da cidade de Money.

Mal sabia o garoto que ali estava assinando sua sentença de morte. Alguns dias após o fato, Bo é tirado a força da casa de seus tios, linchado até a morte e deixado em um rio da região. Um garoto negro morto por dois brancos simplesmente por ter elogiado uma garota branca. Aí vem a busca da justiça da mãe começando com a corajosa e polêmica decisão de fazer o velório de seu filho com o caixão aberto para o país ver o que haviam feito a seu filho.

Isso deve ter chocado muito na época, já que a situação do corpo do garoto não era nada agradável de se ver. Apesar de a intenção da mãe ser a de chocar e mostrar a realidade dos negros nos EUA, ela acabou sendo vista como uma maneira dela aparecer e de polemizar algo que no estado do Mississipi era normal.

Provavelmente, hoje em dia, Maime seria taxada de “lacradora”, cujo termo é um dos mais idiotas possíveis. Não há a possibilidade de bons argumentos virem quando alguém usa “lacração” para justificar algo. Ainda mais algo que não é sentido por esse argumentador ou não faz parte das ideias de convívio social para o mesmo.

O julgamento dos dois indiciados pelo homicídio de Bo é um teatro típico da época. O negro não podia se candidatar a ser jurado, assim como mulheres. Sendo assim, o júri foi composto por homens, brancos e de meia idade Só para ilustrar, o filme é passado em 1955 e nessa época, muitos negros eram mortos por simplesmente querer votar. Vendo o circo armado pela justiça local e o cheiro da injustiça que pairava no ambiente, Maine solta uma frase que resume o que ocorria com os negros mortos no Mississipi: “vão matar meu filho de novo.”

Sobre o filme, temos uma obra poderosa e inquietante. Repleta de atuações dignas dos maiores elogios. Principalmente da atriz Danielle Deadwyller, que interpreta Maime. São inúmeros os momentos imponentes dela em cena. Há algumas cenas memoráveis, como a de uma um diálogo com o tio de Bo a beira de um lago onde ela também aprende o que é ser um negro na cidade de Money, não havia nada que o tio pudesse fazer. Um sentimento de impotência, já que qualquer atitude tomada por um negro contra um branco, poderia acarretar numa matança maior. “Nenhum negro que resolveu depor contra um branco sobreviveu em Money.” Essas palavras do tio resumem bem o que eu quero dizer.

Mas Danielle tem um momento para chamar de seu no filme. Durante o julgamento, ao ser questionada como ela conseguiu identificar o corpo de seu filho mesmo após o estrago feito pelos racistas. O relato só uma mãe é capaz de fazer, e a atuação é tão natural e impactante, que parece que estamos vendo um depoimento real e não uma atuação. Mérito também da diretora Chinonye Chukwu, que mantém a câmera o tempo todo focada no rosto de Danielle, não perdendo nenhuma expressão física ou sentimental da atriz. Uma cena extremamente tensa e pesada com alguns momentos de silêncio total. É o ápice de um filme poderoso e que deve ser visto e sentindo.

Fica a dica então. Espero que vejam e gostem desse filme que foi esnobado no Oscar 2023, mas que não devemos fazer o mesmo!!!

Onde assistir: Amazon Prime

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André Denadai

André é jauense, xvano, palmeirense e apaixonado por cinema e ele escreve periodicamente para o Jauclick.

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