Alô, alô, Rádio Esperança!
A luta foi dura. Pesada. Mas também foi cheia de conquistas.
Nos momentos em que pensei em desistir, percebi que tinha uma rede de apoio maior do que eu poderia sonhar. Vocês me deram tanto, mas tanto, que até nos dias mais escuros eu encontrei luz. Tentei retribuir em forma de alegria… e, no fundo, a gente sabia que essa era a minha missão aqui.
Foram mais de 100 sessões de quimioterapia. Quem aguenta? O corpo até resiste… mas essa batalha não se trava só no físico. A verdadeira guerra era contra a minha cabeça, meus medos e os sonhos que ainda queriam nascer. Nunca pensei em me entregar. Resolvi me cuidar além dos remédios: cuidar da alma, do espírito, da esperança.
Deixei um livro escrito, quase como um diário, para quem pensa em desistir. Entre memórias, dores e risadas, registrei um pedaço da minha vida e da minha luta. O dia do lançamento (e depois o do audiobook) foram mágicos. Ler cada comentário, ver cada olhar emocionado, me fez sentir mais leve. Eu não era celebridade. Eu era só um cara sendo abraçado pela cidade que sempre amei.
As sessões de autógrafos não eram sobre fama. Eram sobre raízes. Eu queria que Jaú sentisse que uma parte da sua cultura estava sendo semeada ali.
Fiz amigos, muitos. E a maior lição que deixo é simples: a vida é um sopro. Valorize quem está ao seu lado. Seja mais humano, menos egoísta.
Generalzinho, General, Santinho, festas, shows, bandas… foi na noite que encontrei meu palco. E foi ali também que ganhei pessoas que nunca imaginei que cruzariam o meu caminho. Sou grato demais.
Mas agora chegou a minha hora. Preciso partir para continuar a produzir, lá de cima, coisas que vocês ainda não conseguem compreender. Estou só começando a aprender sobre essa nova missão. Mas tenho certeza: quem não se esquecer de mim, vai sentir essa frequência.
Alô Betinho, Thirt, Spilari, Juninho, Kurk… prepara a casa aí! Tô chegando pra nova jornada. E que ela venha com trilha sonora, porque sem música não tem graça.
Agora, sem dor. Agora, em paz. Com a certeza de que o amor sempre vence, até quando a morte aparece.
A Rádio Esperança não acabou. Ela só mudou de sintonia. Faz uma forcinha aí… e a gente se conecta.
(Homenagem ao Moraezinho, baseada nas memórias de conversas que tivemos quase diariamente nos últimos anos. Escrito por César Mantovanelli).